Módulo 2Utilização de serviços de saúde – principais conceitos

Introdução

O estudo da utilização dos serviços de saúde é um importante campo de pesquisa com aplicação direta na gestão, através da avaliação da adequação dos resultados obtidos com os cuidados prestados e o consumo de recursos.

Compreender os fatores que influenciam essa utilização é útil para:

  • identificar explicações relativas às diferenças na utilização, na satisfação do consumidor e nos resultados, e, consequentemente...
  • formular políticas ou propostas que encorajem uma utilização apropriada de recursos, desestimulando o uso inapropriado de procedimentos, serviços ou tecnologias, e promovendo a prestação de cuidados custo-efetivos (PHILLIPS et al., 1998).
PHILLIPS, K. A. et al. Understanding the context of healthcare utilization: assessing environmental and provider-related variables in the behavioral model of utilization. Health Services Research, v. 33, n. 3, p. 571-596, 1998.

Este módulo introduz uma discussão sobre o processo de utilização dos serviços de saúde, descrevendo os principais conceitos (necessidade de saúde, demanda, acesso e utilização ou uso de serviços) e os fatores determinantes da utilização dos serviços de saúde.

Contudo, antes de iniciar essa discussão, é importante destacar que existem diferenças conceituais entre autores; e, além disso, existem preferências com relação ao ponto central, isto é, de onde devemos partir para a análise dos serviços de saúde, do acesso, da necessidade, da demanda ou da utilização.

Neste módulo, tomamos como ponto central o conceito de utilização.

Quadro conceitual – principais conceitos

Antes de definirmos os principais conceitos em torno da discussão do uso dos serviços de saúde, observe o quadro abaixo, uma vez que o mesmo dispõe graficamente a inter-relação entre os elementos centrais que determinam e caracterizam a prestação de cuidados em saúde.

DONABEDIAN, A. Aspects of medical care administration. Boston: Harvard University Press, 1973.
DUSSAULT, G. L’analyse des systèmes de santé: cadre conceptuel. 1993. Mimeografado.

Esse quadro apresenta um esquema teórico para a análise do sistema de saúde, que foi inicialmente elaborado por Donabedian (1973) e, depois, modificado por Dussault (1993).

Parte-se das características gerais de cada sociedade, seus valores, atores sociais e condicionantes socioeconômicos que atuam como macrodeterminantes do sistema de saúde e que moldam a organização do sistema de cuidados à saúde.

Os fatores socioeconômicos, políticos e culturais, no nível macro, e a organização do sistema de cuidado à saúde, no nível intermediário, exercem influência sobre o comportamento de usuários e prestadores de serviços.

Entre o surgimento de uma determinada necessidade e o uso dos serviços de saúde para modificá-la, existe uma variedade de fatores que atuam nesse processo, tais como as características demográficas dos usuários e prestadores, ou o acesso aos serviços e a oferta dos mesmos.

Os principais conceitos (necessidade, saúde, acesso, demanda e utilização de serviços de saúde) empregados na discussão e análise dos serviços de saúde serão definidos nos temas a seguir.

Este módulo está organizado da seguinte forma:

  • Tema 2.1. O conceito de necessidade
  • Tema 2.2. O conceito de demanda
  • Tema 2.3. O conceito de acesso
  • Tema 2.4. O conceito de utilização de serviços de saúde

Vamos passar, agora, ao Tema 2.1. O conceito de necessidade.

Tema 2.1O conceito de necessidade

Geralmente percebida como distúrbio na saúde ou no bem-estar de indivíduos ou da coletividade (DONABEDIAN, 1973), a necessidade é um elemento-chave para a análise dos serviços de saúde.

É a “necessidade de saúde” que leva os indivíduos a procurar os serviços de saúde.

Comumente, apreende-se a necessidade ou estado de saúde em termos da autopercepção das condições de saúde dos indivíduos de uma população, da presença de doença crônica ou de agravos que geram incapacidade para o trabalho.

Esses conceitos nos remetem à definição de saúde.
DONABEDIAN, A. Aspects of medical care administration. Boston: Harvard University Press, 1973.

Conforme estudamos na Unidade 2, a definição de saúde varia no tempo, segundo características demográficas, culturais, educacionais, sociais e políticas dos atores e das sociedades.

Além disso, usuários de serviços assumem definições distintas daquelas assumidas pelos profissionais de saúde.

Por exemplo, de forma geral, os médicos tendem a ver a saúde em termos da presença ou da ausência de sinais de doença. A hipertensão assintomática é compreendida como doença pelo médico, entretanto, não é necessariamente percebida como tal pelo indivíduo que a porta. Inversamente, o indivíduo pode se sentir doente sem que uma doença seja diagnosticada por um profissional de saúde.

A definição de saúde varia, também, com relação ao modelo conceitual adotado.

Larson (1999) descreve a concepção de saúde segundo os principais modelos:

Saúde é a ausência de doença ou de incapacidade.

Saúde é entendida como felicidade, bem-estar social, físico, mental e emocional, além da qualidade de vida, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade.

Onde a promoção e melhoria da saúde advêm de uma maior integração, conforto, energia e funcionamento da mente, corpo e espírito.

Onde a promoção e melhoria da saúde advêm de uma maior integração, conforto, energia e funcionamento da mente, corpo e espírito.

LARSON, J. S. Conceptualization of health. Medical Care Research and Review, v. 56, n.2, p.123-136,1999.
Atividade de autoavaliação

Vamos realizar uma atividade de análise e reflexão. Reflita sobre a questão abaixo:

Qual é, para você, a importância do conceito de “necessidade” para a análise do sistema de saúde?

Digite suas ideias no espaço a seguir e, quando terminar, clique no botão Salvar. Depois, veja se você considerou, em sua resposta, os pontos destacados nos comentários.

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"O objetivo dos serviços de saúde é modificar ou agir sobre essas necessidades" (DONABEDIAN, 1973).

Entretanto, aferir os resultados e o impacto desses serviços não é tarefa fácil, pois a relação entre o consumo e o estado de saúde é complexa.

A dificuldade para se mensurar a saúde é associada à complexidade e à natureza abstrata do conceito de saúde.

CONTANDRIOPOULOS, A.P. La santé entre les sciences de la vie et les sciences sociales. Rupture 1999; 6(2): 174-191.

Contandriopoulos (1999) chama atenção para o fato de a saúde ser empiricamente mensurada por indicadores de mortalidade e morbidade, onde estaria embutida a ideia de que a saúde é um caminho contínuo, sem ruptura, do estado mais completo de saúde e bem-estar até a morte, passando pelos diferentes estágios das doenças e das perdas de capacidade funcional.

Esse autor ressalta, portanto, a necessidade de considerar a complexidade do conceito de saúde, que é fruto da interação de quatro dimensões interdependentes da saúde:

  1. Adaptação da vida aos contextos nos quais esta se desenvolve, onde, então, a saúde se exprimiria pela duração e a qualidade de vida.
  2. O objetivo que todos os indivíduos buscam: a felicidade e o bem-estar. A saúde, nesta perspectiva, estaria de acordo com o conceito de bem-estar assumido pela OMS (saúde como felicidade, bem-estar social, físico, mental e emocional e qualidade de vida).
  3. A ausência de doença, “o silêncio dos órgãos”. As doenças, concebidas como desordem das funções biológicas, constituem manifestações negativas da saúde.
  4. O sentido que os diferentes atores (pacientes, profissionais e sociedade) dão à vida, à morte, à dor, à doença... e o nível de análise considerado (o indivíduo, o grupo, a população), isto é, o sistema de representação da saúde.

Essas ideias estão expressas na Figura 1.

Figura 1 - Conceito de saúde
Fonte: Contandriopoulos (1999).
EVANS, R. G.; STODDART, G. L. Producing health, consuming health care. Soc Sci Med. 31(12), p. 1347-63, 1990.
CONTANDRIOPOULOS, A. P. La santé entre les sciences de la vie et les sciences sociales. Rupture 6(2), p. 174-191, 1999.
DUSSAULT, G. L’analyse des systèmes de santé: cadre conceptuel. 1993. Mimeografado.

Considerando que o conceito de saúde é complexo e inclui dimensões que extrapolam a esfera de respostas do setor saúde, entende-se como necessidade de saúde aquelas queixas para as quais existem tecnologias ou respostas efetivas no âmbito do sistema de saúde.

Alguns autores (EVANS; STODDART, 1990, CONTANDRIOPOULOS, 1999) destacam que o objeto dos serviços de saúde é a doença, e não a saúde, seja na recuperação de episódios agudos ou na prevenção destes.

Os fatores determinantes da necessidade ou do estado de saúde de um indivíduo ou população são amplos e podem ser agrupados em (DUSSAULT, 1993):

Fatores biológicos

Como herança genética ou resistência imunitária, e processos fisiológicos, como o envelhecimento. Nesse grupo estão os fatores cuja origem é o organismo humano.

Fatores comportamentais

Como os hábitos de higiene, alimentação, tabagismo, consumo de álcool e drogas, comportamentos de risco (condução de veículos ou trabalho perigoso), comportamentos sexuais e reprodutivos.

Fatores socioeconômicos e do meio ambiente

Como as condições de vida, qualidade de vida no trabalho, acesso ao suporte social, qualidade da água, do ar, do solo etc.

Fatores ligados ao sistema de cuidado à saúde

Recursos sanitários disponíveis, modalidade de atendimento (assistência ambulatorial, hospitalar, domiciliar, serviço de emergência), acessibilidade, qualidade e efetividade dos serviços.

Esse conjunto de fatores não age isoladamente, mas apresenta inter-relações, sendo, consequentemente, difícil estabelecer o respectivo impacto sobre o estado de saúde.

Os serviços de saúde buscam responder às necessidades de saúde, dos indivíduos e da coletividade, através da produção e do consumo de cuidados e serviços apropriados.

Entretanto, nem todas as necessidades de saúde exigem a produção de algum tipo de serviço e, em alguns casos, seu impacto é limitado ou impotente.

Portanto, os serviços de saúde, nosso objeto de trabalho, agem sobre o estado de saúde.

Contudo, produzir serviços de saúde não equivale a produzir saúde (EVANS; STODDART, 1990).

São os determinantes biológicos, comportamentais, sociais e ambientais, isto é, os determinantes diretos da saúde, interagindo com aqueles fatores ligados aos serviços de saúde, que influenciarão o estado de saúde e, também, a adoção de uma resposta individual apropriada em relação à percepção da existência de uma necessidade.

PINEAULT, R.; DAVELUY, C. Les indicateurs d’utilisation des services de santé. In: PINEAULT, R.; DAVELUY, C. (Ed.). La planification de la santé. Montréal: Agence d’Arc, 1986. p. 191-202.

A noção de necessidade de saúde pode ser vista como a diferença entre um estado de saúde desejável ou ótimo e um estado de saúde real ou observado (PINEAULT; DAVELUY, 1986; DUSSAULT, 1993).

Por sua vez, são os fatores ligados aos serviços e ao sistema de saúde que permitirão – ou não – que essa necessidade seja traduzida numa demanda por serviços de saúde.

A definição de necessidade de saúde como a diferença entre o estado de saúde ótimo e o real, incorpora, à noção de necessidade, uma mudança desejada ou esperada no estado de saúde de indivíduos ou populações, sem considerar a disponibilidade de serviços e recursos.

A partir dessa concepção, alguns autores (DONABEDIAN, 1973; PINEAULT; DAVELUY, 1986) distinguem os conceitos de necessidade de saúde, de serviços e de recursos da seguinte maneira:

Necessidades de saúde

São as modificações no estado de saúde ou no comportamento ligado à saúde, de acordo com sua natureza e amplitude. Estas vão gerar necessidades maiores ou menores de serviços.

Necessidades de serviços

São atividades ou programas a serem implementados para responder às necessidades de saúde visadas. Estas vão gerar necessidades de recursos.

Necessidades de recursos

Compreendem os recursos humanos, financeiros, materiais e de informação necessários à produção dos serviços.

Logo, as necessidades de recursos estão subordinadas às necessidades de serviço que, por sua vez, são dependentes das necessidades de saúde.

Essa distinção é importante porque evita que se compreendam como semelhantes conceitos que, na verdade, são distintos.

Muito se fala da importância da necessidade de saúde, mas, em muitas situações, as pessoas, na verdade, estão se referindo à necessidade de serviços e recursos, e não à necessidade de saúde.

Atividade de autoavaliação

Vamos realizar uma atividade de análise e reflexão. Reflita sobre a questão abaixo:

Que distinções você faz entre os conceitos de “necessidade de saúde”, “necessidade de serviços” e “necessidade de recursos”? Comente a relação existente entre esses três conceitos.

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Compreendendo “necessidade de saúde” como uma situação negativa no estado de saúde, que precisa ser modificada, ou na percepção desse estado negativo pelos indivíduos, destacam-se duas facetas desse conceito, quais sejam:

  • Necessidade percebida pelo indivíduo ou morbidade percebida (ótica do cliente ou usuário).
  • Necessidades tecnicamente definidas (medicamente avaliadas), isto é, definidas pelos profissionais da área.

Consequentemente, existem na literatura definições que tentam precisar aspectos ou pontos de vista diferentes a respeito desses conceitos, como as descritas abaixo:

  • Necessidade ou morbidade percebida ou sentida, tal como o indivíduo ou grupo a compreende ou sente, pode corresponder a preferências ou expectativas do que se deseja em termos do estado de saúde e dos serviços. A percepção da necessidade é diferente, dependendo se o modelo etiológico das doenças é médico, biológico ou sobrenatural; se a doença é crônica ou aguda, ou se é grave ou benigna.
  • Necessidade de saúde percebida ou sentida, manifestada e habitualmente traduzida em demanda de cuidados ou serviços.
  • Necessidade normativa é aquela estabelecida pelos experts (profissionais de saúde); quando esta é efetivamente mensurada, denomina-se: necessidade diagnosticada ou necessidade tecnicamente percebida. O processo diagnóstico serve para revelar necessidades não percebidas ou confirmar uma necessidade percebida.

Os indicadores mais utilizados para avaliar a necessidade de saúde são aqueles originados das informações demográficas, socioeconômicas, geográficas e epidemiológicas.

O perfil demográfico se faz com base em indicadores sobre migração populacional, distribuição etária e sexual da população, taxas de natalidade, fecundidade, mortalidade e esperança de vida.

O perfil do estado de saúde se faz com base no instrumental proveniente da epidemiologia, que dispõe de indicadores gerais ou específicos de morbidade (taxas de incidência ou prevalência) e mortalidade, segundo grupo de idade, sexo ou determinados problemas de saúde.

Informações provenientes de inquéritos populacionais são uma fonte importante de morbidade percebida, contudo, os custos envolvidos na sua realização impedem seu uso rotineiro.

Além disso, pode-se conhecer o estado da saúde da população através do exame do uso que ela faz dos serviços de saúde. É o que se denomina estudo da demanda atendida, baseado em informações produzidas pelos serviços de saúde, registradas em bancos de dados governamentais, em seguradoras, ou, ainda, aquelas produzidas especialmente com base em entrevistas etc.

Indicadores sociais e do meio ambiente fornecem também informações sobre fatores determinantes do estado de saúde.

Atividade de autoavaliação

Você entendeu bem estes últimos conceitos? Responda à questão abaixo:

Qual a principal diferença que você vê entre “necessidade percebida” e “necessidade normativa”?

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Com isso, finalizamos o Tema 2.1. Agora, você pode avançar para o Tema 2.2. O conceito de demanda.

Tema 2.2O conceito de demanda

A demanda pode ser definida como o ato de procurar ou buscar cuidado a partir do surgimento de uma necessidade de saúde percebida ou sentida.

Ocorre quando um indivíduo reconhece uma necessidade de saúde (ou modificação no seu estado de saúde), que se traduz numa ação de buscar serviços.

Nesse processo, a oferta de serviços (disponibilidade local de recursos) e o acesso são elementos essenciais para transformar demanda por serviços em uso de serviços.

A demanda pode ser vista como resultante:

  • da percepção de problemas de saúde e da necessidade dos indivíduos;
  • das experiências passadas quando em contato com o serviço de saúde;
  • da condição social do usuário;
  • da indução desta pelos profissionais da área (oferta induzindo demanda).

Tomando a demanda como ponto central para a análise do sistema de saúde, Pereira (1995) faz uma distinção, útil do ponto de vista didático e prático, entre os tipos de demanda. Clique nos itens abaixo para saber mais:

Potencial

Mesma definição de “necessidade de saúde”, ou seja, uma modificação no estado de saúde ou no comportamento ligado à saúde, de acordo com sua natureza e amplitude.

Reprimida

Necessidade de saúde reconhecida pelo indivíduo, mas que não se traduz em busca por cuidados, por serem julgados não disponíveis (ou não acessíveis).

Derivada

Parte da demanda potencial (necessidade percebida) e da demanda reprimida pelo sistema de saúde, de forma que é dirigida ao sistema informal. Anteriormente, esse sistema informal incluiu acupuntura e homeopatia, hoje incorporados ao sistema de saúde brasileiro.

Induzida (ou provocada)

Gerada por profissionais de saúde (um exemplo é a busca ativa de casos).

Não satisfeita

Necessidade de saúde percebida pelo paciente que busca por cuidados de saúde, mas não é atendido (um exemplo são as filas de espera nos serviços de saúde).

PEREIRA, M. G. Serviços de saúde. In: PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. Cap. 23, p.513-537.

Vale destacar o uso, no cotidiano dos serviços, do conceito de “demanda não satisfeita”, mas denominada “demanda reprimida”. Mais uma vez (como ocorre no caso do emprego dos conceitos de “necessidade de saúde” e “necessidade de serviços”), é importante ter clara a definição que está por trás de um conceito.

A demanda por serviços de saúde também é produto de fatores:

Organizacionais

Disponibilidade de serviço quanto ao tempo e lugar.

Econômicos

Custos diretos e indiretos – honorários médicos, medicamentos, tempo de deslocamento e de trabalho – dos serviços necessários.

Culturais

Atitudes frente à doença, comportamentos variados em função da idade, do sexo e da ocupação profissional.

Atividade de autoavaliação

Vamos realizar uma atividade que visa a verificar a sua compreensão dos conceitos estudados neste tema. Reflita sobre a questão abaixo:

Qual a principal diferença entre “demanda reprimida” e “demanda não satisfeita”?

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Com isso, finalizamos o Tema 2.2. Agora, você pode avançar para o Tema 2.3. O conceito de acesso.

Agora, faça a atividade de envio que está disponível no ambiente virtual de aprendizagem, conforme o cronograma.

Tema 2.3O conceito de acesso

Caderno de Estudo

O conteúdo deste tema deve ser estudado no Caderno de Estudo.

Passe, agora, para o Caderno de Estudo e estude o Tema 2.3 – O conceito de acesso. Lá você encontrará orientações para voltar a navegar neste material.

Atividade de autoavaliação

Vamos realizar uma atividade que visa a verificar a sua compreensão dos conceitos estudados neste tema. Reflita sobre a questão abaixo:

Qual a principal diferença entre o conceito de “acesso no sentido restrito” e o conceito de “acesso no sentido ampliado”?

Digite suas ideias no espaço a seguir e, quando terminar, clique no botão Salvar. Depois, veja se você considerou, em sua resposta, os pontos destacados nos comentários.

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Com isso, finalizamos o Tema 2.3. Agora, você pode avançar para o Tema 2.4. O conceito de utilização de serviços de saúde.

Tema 2.4O conceito de utilização de serviços de saúde

A utilização dos serviços de saúde é parte central do sistema de saúde.

O padrão de uso dos serviços de saúde e sua variação têm impacto sobre os custos, a qualidade e, num certo grau, sobre a saúde da população.

O conceito de uso compreende todo contato direto (por exemplo, consulta médica) ou indireto (por exemplo, a realização de exames laboratoriais) com os serviços de saúde.

O processo de utilização, como descrito por Donabedian (1973), é resultante da interação entre o comportamento do indivíduo que demanda cuidados e o profissional que orienta o “doente” dentro do sistema de saúde, conforme vemos na Figura 1.

DONABEDIAN, A. Aspects of medical care administration. Boston: Harvard University Press, 1973.
Figura 1 – Conceito de saúde
Fonte: Contandriopoulos (1999).
CONTANDRIOPOULOS, A. P. La santé entre les sciences de la vie et les sciences sociales. Rupture 1999; 6(2): 174-191.
TRAVASSOS, C.; MARTINS, M. Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização de serviços de saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, p. 190-198, 2004. Suplemento 2.

O comportamento do indivíduo é responsável pelo primeiro contato com os serviços de saúde, sendo os profissionais de saúde responsáveis pelos contatos subsequentes (TRAVASSOS; MARTINS, 2004).

Além disso, os consumidores de serviços de saúde nem sempre são capazes de definir suas necessidades, nem de julgar a qualidade e a propriedade do serviço prestado. Desta forma, a utilização dos serviços de saúde, em grande parte, está sob o controle desses profissionais, que definem o tipo e a intensidade de recursos consumidos para resolver determinado problema de saúde dos pacientes.

O uso dos serviços está relacionado ao acesso aos serviços e ao recebimento do tratamento apropriado (processo de cuidado). Lembra-se do Quadro conceitual, apresentado na introdução deste módulo?

Em linhas gerais, os fatores determinantes da utilização dos serviços de saúde podem ser descritos como os relacionados abaixo. Clique em cada item para saber mais:

À morbidade

Gravidade e urgência da doença.

Aos usuários

Características demográficas (idade e sexo), geográficas (região), socioeconômicas (renda, educação), culturais (religião) e psicossociais (atitudes e valores).

Aos prestadores de serviços

Características demográficas (idade e sexo), tempo de graduação, especialidade, características psicossociais (atitudes e valores) experiência, tipo de prática.

À organização

Recursos disponíveis, características da oferta (disponibilidade de médicos, hospitais, ambulatórios), forma de remuneração, acesso geográfico e social.

À política

Tipo de sistema de saúde, tipo de seguro saúde, quantidade, tipo de distribuição dos recursos, legislação e regulamentação profissional e do sistema (PINEAULT; DAVELUY, 1986).

A influência de cada um dos fatores determinantes do uso dos serviços de saúde varia em função do tipo de serviço (isto é, hospital, assistência domiciliar etc.) e da proposta assistencial (isto é, cuidados preventivos, curativos ou de reabilitação) (TRAVASSOS; MARTINS, 2004).

A utilização dos serviços está associada à obtenção de um beneficio de curto prazo (por exemplo, alívio de dor) ou de médio prazo (por exemplo, a prevenção de doenças).

A utilização dos serviços segundo a perspectiva do indivíduo é fruto de uma resposta a uma morbidade percebida (necessidade de saúde), ou a uma morbidade antecipada, como é o caso no consumo de serviços preventivos.

O comportamento dos indivíduos, como ponto de partida para o uso dos serviços de saúde (PINEAULT; DAVELUY, 1986), pode ser discriminado em função de seus valores e atitudes com relação à doença e à saúde:

  • Comportamento focado na doença vai determinar a busca de serviços curativos como porta de entrada no sistema de saúde, a partir de uma morbidade percebida por esse indivíduo.
  • Comportamento focado na saúde vai determinar a busca de serviços preventivos como porta de entrada no sistema de saúde, a partir de uma morbidade antecipada pelo indivíduo.
PINEAULT, R.; DAVELUY, C. Les indicateurs d’utilisation des services de santé. In: PINEAULT, R.; DAVELUY, C.(Ed.). La planificationde la santé. Montréal: Agence d’Arc, 1986. p. 191-202.
Atividade de autoavaliação

Vamos realizar uma atividade de aplicação prática.

Considerando os fatores determinantes da utilização de serviços de saúde, determine qual é o mais importante quando se utiliza o serviço de saúde para cuidar de cada um dos seguintes problemas:

  • Infarto agudo do miocárdio
  • Traumatismo craniano
  • Mamografia

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Caderno de Estudo

Ainda dentro deste tema, vamos estudar os seguintes tópicos no Caderno de Estudo:

  • Avaliação do padrão de uso dos serviços de saúde
  • Modelos de utilização de serviços de saúde

Passe, agora, para o Caderno de Estudo e inicie o estudo do tópico:

Em seguida, volte para este material para realizar as atividades complementares e concluir o estudo deste tema.

Atividade de autoavaliação

Vamos realizar, agora, uma atividade de análise. Reflita sobre a questão abaixo:

Que características dos profissionais de saúde influenciam as variações geográficas na utilização dos serviços de saúde?

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Caderno de Estudo

Volte, agora, aos conteúdos deste tema no Caderno de Estudo e inicie o estudo do tópico:

b) Modelos de utilização de serviços de saúde

Lá você encontrará orientações para voltar a navegar neste material.

Atividade de autoavaliação

Vamos realizar mais uma atividade de análise.

Descreva os determinantes individuais do modelo de Andersen e Newman, e indique qual deles é considerado o mais importante.

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Leitura complementar

Caso queira aprofundar mais esse tema, leia também as publicações Determinantes e desigualdades sociais no acesso e na utilização de serviços de saúde (TRAVASSOS; CASTRO, 2012) e Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização de serviços de saúde (TRAVASSOS; MARTINS, 2004).

Com isso, finalizamos o Tema 2.4. Agora, você pode avançar para o Módulo 3. Avaliação de serviços de saúde – conceitos básicos.