Módulo 3O gerenciamento das operações de logística de materiais em unidades de atenção em saúde

Introdução

Os atuais sistemas de saúde em nosso país – públicos e privados – apresentam uma realidade que reflete – na grande maioria dos casos – uma ausência de competência técnica e de conhecimentos e “saberes” gerenciais nas atividades que envolvem a área de operações em saúde, e, mais especificamente, nas ações de gestão da logística dos suprimentos de materiais e do ambiente da atenção à saúde.

Essa capacitação insuficiente perpassa todas as atividades que compreendem a logística em unidades de saúde:

  • desde um processo de planejamento incipiente, ou até mesmo inexistente no sistema de cadeia de suprimentos,
  • às inúmeras atividades burocratizadas e morosas nas áreas de compras e de guarda e distribuição de insumos e serviços – essas muitas vezes descoladas das reais necessidades do sistema produtivo das suas unidades,
  • até a falta de parâmetros e indicadores de acompanhamento e avaliação das variadas “terceirizações” de serviços.

A inexistência de políticas e de programas de manutenção de equipamentos, por exemplo, reflete essa ausência de capacitação gerencial, onde a falta de informações na incorporação de tecnologias institui, em grande número de casos, a lógica do comprou – usou – jogou fora, ou seja, a lógica do sucateamento precoce dos equipamentos, a lógica do desperdício.

Para refletir

Desinformações e a falta de dados confiáveis para permitir decisões racionais compõem o quadro.

Como modificá-lo? Como dar resposta a esses grandes desafios?

O que você acha? Pense um pouco nisso antes de prosseguir. Recomendamos que você registre as suas ideias a esse respeito e salve de uma maneira que possa consultá-las posteriormente.

Durante algum tempo julgou-se simplesmente que, com a revisão de estruturas e funções, com a incorporação de novas tecnologias e com a utilização de metodologias informatizadas para a coleta e processamento de dados, as organizações públicas ou privadas estariam aptas a enfrentar e dar respostas às demandas externas por mais e melhores produtos ou serviços em época de escassez de recursos. Pouco tem adiantado, no entanto, instituir novas estruturas organizacionais, e até mesmo sofisticados meios informatizados de planejamento, sem o simultâneo desenvolvimento de um processo de capacitação gerencial que, fugindo das práticas tradicionais, habilite pessoal criativo e capacitado a produzir respostas tecnicamente fundamentadas, rápidas e necessárias.

Este é o desafio que nos propomos a enfrentar
junto com você neste módulo!
Método da problematização
Para acompanhar este módulo, sugerimos que seja adotado o método da problematização, com a utilização de um pequeno número de ferramentas da qualidade.
O que é a problematização?
A problematização visa a identificar problemas, causas e soluções de uma área em estudo, com a tecnologia disponível da gestão da qualidade.

Este módulo está organizado em dois temas:

  • Tema 3.1. A logística da cadeia de suprimentos de materiais a partir do sistema produtivo
  • Tema 3.2. A gestão de tecnologias em saúde

Agora, para iniciar o estudo deste módulo, siga para o Tema 3.1. A logística da cadeia de suprimentos de materiais a partir do sistema produtivo.

Tema 3.1A logística da cadeia de suprimentos de insumos a partir do sistema produtivo

Neste módulo vamos discutir a logística do suprimento de insumos (materiais), a partir do sistema produtivo nas unidades de atenção à saúde. Mas, antes de falar das unidades de atenção à saúde, veja um exemplo de um problema de desabastecimento em um supermercado.

Exemplo: Supermercado

Podemos imaginar que num grande supermercado ocorre um problema de desabastecimento de alguns produtos no setor de laticínios.

O gerente do supermercado chama o comprador-chefe e o responsável pelo almoxarifado, e define imediatamente a responsabilidade, ou, para sermos mais claros, “o culpado” pelo desabastecimento.

E isto é fácil na medida em que ambos os funcionários são obrigados a ter um claro dimensionamento da demanda por esses produtos, considerando, inclusive, fatores como, por exemplo, a sazonalidade do consumo.

Não há razão, portanto, para que eles não tivessem verificado qualquer alteração no comportamento de consumo desses produtos e – havendo necessidade – tomassem as providências necessárias, ajustando o processo de abastecimento junto aos fornecedores.

Por que começar este módulo com um cenário que aparentemente nada tem a ver com os serviços de saúde?

Porque a lógica da gestão das operações – como vimos no Módulo 1 desta unidade – deve ser a mesma em qualquer organização, e você já aprendeu que “a gerência de operações é a responsável por supervisionar todo o conjunto de 'grandes' e 'pequenas' operações que viabilizam as atividades produtivas de uma organização.”

Vamos simular uma situação parecida com aquela do supermercado; uma situação corriqueira, quase diária, nos nossos serviços públicos de saúde.

O caso dos insumos inadequados

O chefe do Serviço de Cirurgia Geral comunica ao diretor do hospital que esteve a ponto de suspender algumas cirurgias programadas no mapa cirúrgico daquele dia – e isto já com os pacientes em pleno centro cirúrgico – pois a circulante de sala lhe comunicou que não havia fios cirúrgicos de polipropileno n. 0, agulha cilíndrica de 1/2 cir, 3 1/2 cm, nem os de nylon monofilamentar n. 4 agulha 3/8, 2,5 cm, e nem os de poliglatina n. 2-0 agulha cilíndrica de 1/2 3,5 cm.

Esse médico tinha três cirurgias agendadas – eram três hernioplastias inguinais – e, para não prejudicar os pacientes, foi obrigado a operá-los com insumos (no caso, fios) não apropriados.

O diretor do hospital tomou a mesma atitude do gestor do supermercado, chamando os profissionais diretamente envolvidos com a falta de suprimentos, ou seja, os chefes dos setores de compra e do almoxarifado.

Só que a partir desse primeiro momento, no entanto, tudo no hospital ocorreu de forma completamente diferente do supermercado: o chefe do setor de compras entrou no gabinete do diretor com um enorme processo de compras de fios cirúrgicos (mais de 100 folhas) cheio de pareceres, encaminhamentos e reencaminhamentos, com idas e vindas aos vários setores envolvidos – orçamento, financeiro, jurídico, almoxarifado, serviços cirúrgicos.

Naquele processo de compras era impossível atribuir responsabilidades pelo desabastecimento!

No supermercado, o gestor sabia quem era o responsável pelas compras, era o comprador!

O diretor do hospital, ao contrário, não foi capaz de identificar o responsável; o chefe do almoxarifado tinha informado o ponto de ressuprimento dos fios cirúrgicos em tempo hábil; o chefe do serviço de compras justificou que era obrigado a esperar os pedidos de compras de todos os fios usados no hospital para fazer uma única licitação (um único processo licitatório).

Mais grave foi o diretor descobrir, naquele momento, que nem o serviço de compras nem o almoxarifado tinham conhecimento da importância dos insumos para os procedimentos realizados no hospital.

O chefe do almoxarifado informou ao diretor que “quando falta determinado insumo, outro material assemelhado é fornecido, e os médicos e enfermeiras não reclamam”.

Foto: Ricardo Nunes/Ministério da Saúde. Flickr.

É fundamental lembrar sempre que não adiantam páginas e mais páginas de pareceres em processos, pois um cirurgião não consegue operar sem um bisturi, e o fornecimento desse material é de responsabilidade da cadeia de suprimentos, que é quem compra.

Quantas situações como esta você já vivenciou em seu serviço?
Quantas vezes você usou ou forneceu um material menos indicado por não ter o melhor, o mais indicado?
Por que essas situações são tão comuns e até mesmo corriqueiras e frequentes?
De quem é a culpa? Será que é de quem compra sem saber a qual procedimento se destina aquele insumo? E, portanto, não é capaz de identificar a importância do insumo no processo de tratamento dos pacientes?

Embora nossas unidades de atenção à saúde sejam grandes compradoras de materiais, em geral não fazem uso desse argumento, pois sequer negociam com os fornecedores, frequentemente por uma ausência total de informações sobre o que estão comprando, sejam serviços ou materiais. O mesmo fornecedor fornece para unidades diferentes da mesma rede, no mesmo município, o mesmo produto por preço diferente.

Quanto a serviços é a mesma lógica. Na maioria das vezes, o que predomina é a ausência de informações corretas para que as decisões gerenciais tenham base em dados de mercado permanentemente atualizados.

A gravidade dos problemas nas operações de logística dos suprimentos das unidades médico-assistenciais do SUS decorre, em grande parte, da ausência de identificação de seus respectivos sistemas produtivos – o que a unidade produz não é transparente para a cadeia de suprimentos – e, na maioria dos casos, nem para o próprio sistema produtivo da unidade!

Não há um sistema próprio de informações para o suprimento que correlacione os produtos ou procedimentos à sua produção e aos insumos utilizados nesses procedimentos, e que reconheça as práticas do sistema produtivo, valorizando as informações de quem produz.

Se o sistema produtivo da unidade de atenção à saúde não é claro e transparente para todos os demais sistemas da organização, inclusive para a cadeia de suprimentos, não é lógico esperar que os insumos certos estejam disponíveis nos locais certos e nos momentos certos.

É racionalmente muito difícil – senão impossível – abastecer bem uma unidade de saúde na visão exclusiva das prateleiras dos almoxarifados, levando-se em conta somente alguns indicadores como, por exemplo, estoque mínimo, estoque máximo, estoque de risco, e não valorizando a informação do que a unidade realmente necessita para realizar o que faz.

A organização da cadeia de suprimentos de uma unidade de saúde deve partir do princípio básico de que a unidade deve ter pleno conhecimento do seu próprio sistema produtivo – sem saber o que é produzido, quanto é produzido e o que é necessário para produzir não é possível bem abastecer.

É necessário, portanto, ouvir permanentemente o “cliente” da cadeia de suprimentos quanto a insumos, quanto às quantidades e às qualidades do que é consumido durante o processo produtivo.”

Para refletir

Mas quem são esses “clientes” da cadeia de suprimentos de uma unidade de saúde?

O que você acha? Pense um pouco nisso antes de prosseguir. Recomendamos que você registre as suas ideias a esse respeito e salve de uma maneira que possa consultá-las posteriormente.

Os “clientes” da cadeia de suprimentos são os profissionais que compõem o sistema produtivo da unidade – ou seja, clientes internos, representados pelos médicos, enfermagem, corpo técnico – todos os profissionais que utilizam os insumos ou materiais de consumo e as tecnologias (equipamentos) para realizar seus procedimentos, para “produzir” procedimentos, e dar atendimento aos clientes externos, os pacientes.

A cadeia de suprimentos engloba todas as atividades que têm por finalidade manter o sistema produtivo de uma organização suprido com todos os insumos ou materiais – quantitativa e qualitativamente – disponíveis nos locais próprios (serviços).

É, portanto, responsabilidade da cadeia de suprimentos alimentar as atividades produtivas com todos os insumos necessários.

Por que, então, existem conflitos entre as atividades assistenciais (de produção) e as atividades de operações da logística dos suprimentos (atividades de abastecimento)?‍

Por que será que o diálogo entre essas duas atividades é frequentemente inexistente, em claro prejuízo para os pacientes e para as instituições?

Até há pouco tempo atrás, era predominante atribuir a responsabilidade pelo desabastecimento nas unidades de saúde somente à improvisação e à pouca capacitação técnica dos profissionais da área de administração de materiais. Isso é verdade.

Os serviços de abastecimento nas unidades prestadoras de serviço à saúde são ainda, em grande número, constituídos por trabalhadores não especializados nas diversas atividades que compõem a cadeia de suprimentos, quais sejam: atividades de compras, guarda e distribuição, acompanhamento e controle, e, mais que tudo, sem qualquer conhecimento técnico da área de planejamento da cadeia de suprimentos.

Mas é preciso entender, também, que a área de materiais – por si só – é incapaz de evitar a falta de materiais, pois o sistema de abastecimento precisa ser compreendido como um sistema vinculado ao sistema de produção, onde ele é um meio para o alcance dos fins.

Portanto, ele é totalmente dependente do processo de fixação de objetivos e metas por parte da organização.

É fundamental a definição do plano estratégico da organização, no qual devem ficar claras a missão, os objetivos e as metas institucionais da unidade.

O plano estratégico define o que faz a unidade de atenção à saúde, como faz e quanto faz.

Ao definir seu plano, a unidade define também quem é a sua clientela, pois define o grau de complexidade, de resolutividade e a capacidade de intervenção.

O plano deve, também, deixar claro para toda a organização como se dará o seu funcionamento, sua operacionalidade, e quais são suas responsabilizações.

No âmbito do suprimento de unidades de atenção à saúde, é imprescindível incorporar os modernos conceitos das operações de logística das organizações para superar o distanciamento e a dificuldade de diálogo entre as atividades assistenciais e as atividades de logística dos suprimentos.

Tradicionalmente, ao se falar em suprimentos nas nossas unidades de saúde, você certamente só ouve falar nas atividades de compras e nas atividades de almoxarifado, pois todo o processo da cadeia de suprimentos é ainda equivocadamente assim identificado.

A cadeia de suprimentos pode ser considerada como um sistema de atividades composto por quatro subsistemas.

Na verdade, o almoxarifado é só um dos subsistemas que formam a cadeia de suprimentos, sendo o último da sequência de subsistemas. Ele é denominado subsistema de guarda e distribuição – e é o local fisicamente delimitado onde se guardam os insumos/materiais, de onde são distribuídos para os serviços assistenciais.

Só que antes da chegada dos insumos ao almoxarifado para serem estocados e distribuídos, é necessário que sejam desenvolvidas inúmeras ações para que se tenha uma cadeia de suprimentos profissionalizado e competente. Essas ações incluem:

Planejamento dos insumos

Identificação de insumos que são efetivamente necessários para que os procedimentos – simples ou complexos – sejam produzidos.

Acompanhamento do uso dos insumos

Só é possível controlar os insumos que foram identificados e assim poder quantificar quanto se gasta ou se utiliza e quanto se guarda.

Realização das compras fundamentadas em dados reais de consumo

Só após conhecer os quantitativos de consumo de cada insumo/material utilizado nos numerosos procedimentos é possível realizar ações tecnicamente competentes de compras.

Guarda ou armazenamento de todo e qualquer insumo necessário para a produção dos procedimentos

Mas só após estar absolutamente claro para o sistema de abastecimento o que a unidade produz nos serviços e o que é necessário para produzir.

Portanto, a cadeia de suprimentos é composto, sequencialmente, por quatro subsistemas:

  • Subsistema de planejamento
  • Subsistema de acompanhamento e controle
  • Subsistema de compras
  • Subsistema de guarda e distribuição

Quais são os objetivos e os instrumentos técnicos de cada um desses subsistemas do sistema de abastecimento?

Caderno de Estudo

Estude os tópicos deste tema no Caderno de Estudo.

Em seguida, volte para este material para realizar as atividades complementares e concluir o estudo deste tema.

Leitura complementar

Lei n. 8.666 e suas atualizações

  • Lei n. 8.666, de 21.06.1993 (texto atualizado em 20.09.2001), que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública.
  • Decreto n. 3.722, de 09.01.2001, que regulamenta o art. 34 da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, e dispõe sobre o Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF.
  • Regulamentos de compras próprios para organizações privadas ou outras que tiverem autonomia.

Essas e outras legislações também estão disponíveis no site Comprasnet – Portal de Compras do Governo Federal.

Registro de preços

  • Decreto n. 3.931, de 19.09.2001, que regulamenta o Sistema de Registro de Preços.
  • Decreto n. 4.342, de 23.08.2002, que altera dispositivos do Decreto n. 3.931, de 19 de setembro de 2001, que regulamenta o Sistema de Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, e dá outras providências.
  • Decreto n. 9488, de 30 de agosto de 2018, Altera o Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013, que regulamenta o Sistema de Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e o Decreto nº 7.579, de 11 de outubro de 2011, que dispõe sobre o Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação - SISP, do Poder Executivo federal.

Essas e outras legislações também estão disponíveis no site Comprasnet – Portal de Compras do Governo Federal.

Pregão

  • Medida Provisória n. 2.182-18, de 23.08.2001, que institui a modalidade de licitação denominada Pregão.
  • Lei n. 10.520, de 17.07.2002, que institui, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, a modalidade de licitação denominada Pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
  • Decreto n. 3.555, de 08.08.2000, que aprova o regulamento da modalidade de licitação denominada Pregão.
  • Decreto n. 3.697, de 21.12.2000, que regulamenta o parágrafo único do art. 2º da Medida Provisória n. 2.026-7, de 23 de novembro de 2000, que trata do pregão por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação.
  • Decreto n. 5.450, de 31.05.2005, que regulamenta o Pregão, na forma eletrônica, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
  • Decreto n. 5.504, de 05.08.2005, que estabelece a exigência de utilização do Pregão, preferencialmente na forma eletrônica, para entes públicos ou privados, nas contratações de bens e serviços comuns, realizadas em decorrência de transferências voluntárias de recursos públicos da União, decorrentes de convênios ou instrumentos congêneres, ou consórcios públicos.

Os textos completos dos instrumentos acima citados estão disponíveis no site Comprasnet – Portal de Compras do Governo Federal. Na página inicial desse site, clique na aba Legislação.

Atividade de autoavaliação

Vamos fazer uma atividade simples de cálculo.

Uma pequena unidade de atenção à saúde determinou que o consumo mensal (CM) do material A é igual a 20 unidades, e do material B é de 125 unidades/mês. O prazo de reabastecimento da unidade é de quatro meses.

Dessa forma, qual será a quantidade do estoque mínimo, o E (min) desses materiais?

Digite suas ideias no espaço a seguir e, quando terminar, clique no botão Salvar. Depois, veja se você considerou, em sua resposta, os pontos destacados nos comentários.

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Após esta atividade, volte ao Caderno de Estudo e continue a sua leitura.

Atividade complementar

Vamos construir uma Curva ABC?

Selecione os itens da grade de materiais médico-hospitalares de sua unidade de saúde – ou de uma unidade à qual tenha acesso – e, a partir dos custos totais de cada item, construa a curva ABC de materiais. Analise a importância desta ferramenta para o planejamento de compras na sua unidade de saúde.

Caso tenha alguma dificuldade para construir essa curva, consulte o "Roteiro para a elaboração de Curva ABC", disponível na Biblioteca do curso. Caso não tenha acesso à grade de materiais médicos de sua instituição, consulte o documento "Exemplo de grade para elaboração da Curva ABC", também disponível na Biblioteca do curso.‍

Se as dúvidas persistirem, entre em contato com o tutor através do menu Ajuda/Fale com o Tutor, no AVA.

Esta atividade deverá ser executada como exercício de fixação de conteúdo e enviada para seu tutor. A ela não será atribuído conceito.

Depois de enviar o arquivo, volte ao Caderno de Estudo e continue a sua leitura.

Para refletir

Dispensa de licitação e inexigibilidade

O serviço público nem sempre é obrigado a licitar.

Existem exceções previstas na própria legislação. São os casos chamados de dispensa de licitação e inexigibilidade.

Identifique, a partir da legislação vigente, os casos nos quais essas exceções podem ser aplicadas.

O que você acha? Pense um pouco nisso antes de prosseguir. Recomendamos que você registre as suas ideias a esse respeito e salve de uma maneira que possa consultá-las posteriormente.

Volte ao Caderno de Estudo e continue sua leitura!

Atividade de autoavaliação

Vamos realizar uma atividade de análise.

A especificação correta de um material é fundamental para comprar o que realmente se deseja.

  • Quais as fontes primárias e secundárias de informações que um sistema de abastecimento precisa consultar para obter uma boa especificação do material?
  • Mas a especificação correta – por si só – é suficiente para dar resposta a todos os problemas das compras de materiais? Por quê?

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Atividade de autoavaliação

O Parecer Técnico abaixo pode ser considerado um bom parecer? Por quê?

“Opto pelas agulhas descartáveis da marca Águia por serem capazes de se adaptar a qualquer seringa (não ocorrem vazamentos); o bisel de sua ponta é atraumático (não causa dor), enquanto as agulhas similares apresentam dificuldades de adaptação a vários tipos de seringa em uso no hospital (permitem vazamentos), além de inúmeras queixas dos pacientes em relação à dor no momento da aplicação”.

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Atividade de autoavaliação

Vamos fazer uma atividade de aplicação prática.

Considerando as dificuldades existentes nos processos de compras através do regulamento da Lei das Licitações, descreva os dois mecanismos utilizados hoje no serviço público que agilizam as compras.

Para responder, consulte os instrumentos:

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Atividade de autoavaliação

Vamos fazer outra atividade de aplicação prática.

Descreva a técnica de distribuição automática de insumos a partir do conceito da entrepostagem, enumerando suas vantagens sobre os processos tradicionais de distribuição de materiais.

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Com isso, encerramos o estudo deste tema. Agora, você pode avançar para o Tema 3.2. A gestão de tecnologias em saúde.

Tema 3.2A gestão de tecnologias em saúde

As novas técnicas de planejamento, acompanhamento e controle, aquisição e guarda, e distribuição de insumos, estudadas até agora, são instrumentos gerenciais para a organização e padronização da cadeia de suprimentos de materiais de consumo.

Mas um sistema de abastecimento eficiente é responsável também pelo suprimento de materiais permanentes – máquinas e equipamentos – ou do que chamaremos, de agora em diante, de processo de incorporação de tecnologias.

Utilizamos esta concepção mais abrangente para o gerenciamento de material permanente e equipamentos em unidades de atenção à saúde, pois é necessário incluir, além da modalidade de aquisição, várias outras formas – hoje permitidas pela legislação – como o aluguel, o leasing e o comodato, entre outras.

Quantas vezes você já se deparou com situações como as descritas a seguir?

Aparelhos parados por falta de material de consumo indispensável para sua ativação.
Aparelhos de radiodiagnóstico encostados ao longo de corredores de unidades de saúde ainda na embalagem.
Equipamentos diversos sem uso por falta de peças de reposição.
Equipamentos subutilizados porque os técnicos desconhecem as suas potencialidades – não foram treinados para usar o equipamento.
Equipamentos com baixa utilização por falta de pacientes.

Esse quadro, infelizmente, é comum em nossas redes públicas de cuidados à saúde. O que podemos fazer para evitar esse quadro de incompetência administrativo-gerencial?

Hoje, o processo de incorporação de tecnologias ainda ocorre – na grande maioria de nossas unidades – sem qualquer planejamento prévio e, muitas vezes, baseado em três premissas:

  • a solicitação de sua aquisição;
  • a disponibilidade do equipamento/tecnologia no mercado;
  • a existência de recursos financeiros para sua incorporação.

É esse processo, acima descrito, que chamamos de Processo irracional de incorporação de tecnologia, pois, não considera nem as necessidades dos pacientes – se serão beneficiados ou não – nem as instituições – se haverá diminuição de custos com aumento de qualidade.

Para refletir

Agora, pense bem! No seu serviço (ou em um serviço ao qual tenha acesso), antes de se pedir um novo aparelho:

São realizados levantamentos de demanda? De vida útil do equipamento? Do momento de uso?

É realizada uma análise custo-benefício da aquisição?

O que você acha? Pense um pouco nisso antes de prosseguir. Recomendamos que você registre as suas ideias a esse respeito e salve de uma maneira que possa consultá-las posteriormente.

Se a sua resposta foi sim, parabéns! Você trabalha numa (ou tem acesso a uma) instituição gerencialmente eficaz!!

Partindo desse quadro (de problemas), vamos buscar as soluções (lembre sempre que “problematizar” é preciso). Encontrar causas e soluções também.

Então, vamos buscar questões em antigas problematizações por nós realizadas:

  • filas intermináveis na pediatria causadas pela falta de nebulizadores;
  • dispensa de pacientes, e consequente remarcação de consultas, na cardiologia, por falta de estilete do eletrocardiógrafo, para substituir o que quebrou;
  • remarcação de exames contrastados na radiologia, porque os técnicos não sabem como utilizar o novo aparelho.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil. Flickr.

Como explicar essas situações – de todo indesejáveis em qualquer serviço – que geram o que denominamos Tecnologia do desperdício?

Em primeiro lugar, é a incorporação de uma nova tecnologia da maneira anteriormente descrita, isto é, compras realizadas sem planejamento, sem as informações necessárias e sem os conhecimentos técnicos indispensáveis para a sua aquisição.

Em segundo lugar, é o envelhecimento ou obsolescência do equipamento antes do tempo previsto pelo fabricante. Sua duração é diminuída por vários motivos, entre os quais:

  • utilização inadequada;
  • utilização excessiva; e
  • ausência de manutenções.

Já dissemos antes, e vamos repetir agora: é imprescindível profissionalizar as diversas áreas da cadeia de suprimento e, dentro delas, a área de compras.

Só assim deixaremos para trás o processo irracional de tomada de decisões nas incorporações de tecnologias – onde basta ter dinheiro, ter um pedido e o equipamento estar disponível no mercado. Nada mais.

E isto é muito pouco. É necessário construir um processo racional de tomada de decisões.

À semelhança do processo de compras de insumos, vamos começar pelo planejamento da tecnologia que se quer adquirir.

Foto: Pedro Ventura/Agência Brasil. Wikimedia.
Planejamento

Para tomar decisões eficazes, o gestor – que é um tomador de decisão – precisa de:

  • conhecimentos ou saberes, e
  • informações.

Isto é genérico. Serve para qualquer situação gerencial e, portanto, aqui também.

O conhecimento deve ser apreendido, ao longo do processo de incorporação, com os profissionais da área onde o equipamento será utilizado, com os profissionais de manutenção ou engenheiros clínicos (se os houver), além de outras fontes, como fornecedores, catálogos, consultas a sites na internet etc.

Quanto às informações, precisa-se delas para responder às seguintes questões, entre outras:

Em relação aos pacientes

A nova tecnologia irá melhorar o atendimento; não será invasiva?

Trará menos riscos de complicações?

Em relação aos serviços

Tornará os serviços mais eficientes?

Aumentará a sua produtividade e a qualidade dos procedimentos?

Em relação aos equipamentos já existentes

Será que eles ainda dão respostas com qualidade à demanda existente?

Temos dados de demanda, de filas para realização de exames?

Em relação às instituições

A nova tecnologia atende aos critérios de missão, objetivos e metas, isto é, atende às políticas institucionais da unidade?

Em relação aos profissionais

Serão necessárias novas qualificações para os profissionais que utilizarão a tecnologia (que serão os operadores da tecnologia), e mesmo para o pessoal da manutenção?

Mas onde buscar essas informações para tornar as decisões eficazes?

Dentre as fontes seguras dessas informações, podemos destacar:

  • Informações qualificadas de serviços ou de profissionais que já utilizam a tecnologia.
  • Pareceres de pesquisadores.
  • Pareceres de certificadores, tipo Inmetro, INCQS (Fiocruz) etc.
  • Publicações em revistas de engenharia clínica.
  • Catálogos de fabricantes (especificações).
  • No próprio serviço solicitante da aquisição da tecnologia.
  • Serviço de documentação do hospital para dados de produção e de marcação de exames.

Porém, não basta ter as informações. É preciso saber analisá-las sob diversos enfoques. Clique em cada enfoque abaixo para saber mais:

O enfoque principal é o das políticas institucionais (missão, objetivos e metas da unidade).

A tecnologia a ser incorporada deve estar sempre em consonância com o “negócio” da organização de saúde, não pode se distanciar de seus objetivos.

O segundo enfoque se dá a partir dos pacientes e das demandas existentes.

Deve-se poder responder às seguintes questões:

  • Quantos pacientes, já em tratamento, irão se beneficiar da incorporação desta nova tecnologia?
  • Existe demanda reprimida?
  • Qual a estimativa de nova demanda?
O terceiro enfoque se preocupa em analisar as informações em função de critérios de prioridade.

Isto para afastar os critérios políticos de beneficiar um serviço em detrimento dos demais. Estes critérios devem ser previamente definidos e devem também ser do conhecimento de todos os profissionais da organização.

Uma unidade de saúde decide, por exemplo, que só irá incorporar tecnologias após alguns critérios terem sido satisfeitos:

  • 1º critério – substituição de todos os equipamentos com baixa produtividade ou sem recuperação;
  • 2º critério – aumento da produtividade dos equipamentos já existentes com a modernização tecnológica;
  • 3º critério – incorporação de novas tecnologias para novos procedimentos.

A decisão da organização de saúde poderá ser a de só utilizar o segundo critério quando todos os equipamentos enquadrados no primeiro critério já tiverem sido substituídos e, consecutivamente, só incorporar novas tecnologias quando seu parque de equipamentos existentes estiver atualizado tecnologicamente.

O enfoque técnico é o quarto enfoque de análise das informações.

Este aspecto deve priorizar as seguintes questões, entre outras:

  • existência de representação técnica do equipamento;
  • interferência do funcionamento do novo equipamento em outros equipamentos já existentes na organização;
  • riscos na instalação ou no funcionamento do equipamento.
O quinto enfoque está relacionado a custos, considerando as necessidades prévias.

Este enfoque deve avaliar as informações considerando as necessidades prévias de:

  • construção ou reforma de espaços;
  • contratação e/ou treinamento de profissionais;
  • aquisição de equipamentos adicionais e de apoio;
  • política de manutenção preventiva.
O sexto enfoque avalia os custos da nova tecnologia.

Aqui se devem relacionar todos os custos da utilização do novo equipamento, e ter o cuidado de não se limitar ao custo direto da tecnologia, ou seja, só ao seu custo de aquisição, pois este será minimizado ao longo do tempo.

Os custos indiretos como, por exemplo, manutenção e material de consumo necessários para o funcionamento, serão sempre crescentes.

A título de conclusão, podemos afirmar que, com o planejamento bem consistente – o que significa estar fundamentado em um conjunto de informações técnicas bem selecionadas e bem analisadas – o processo de tomada de decisões para a incorporação eficaz de tecnologias ou equipamentos evitará, certamente, a compra irracional de equipamentos, impedindo a ocorrência de desperdícios presentes e futuros.

Assim, para que a incorporação de tecnologias em nossas unidades de saúde se transforme num processo racional no gerenciamento de recursos materiais é fundamental que os gestores obtenham conhecimentos e informações – tanto em fontes internas na própria unidade quanto em fontes externas – e estimulem a análise dessas informações sob diversos enfoques.

Para se aprofundar nos temas da UA 5 veja os vídeos da aula Gestão da cadeia logística de suprimentos ministrada pela professora Maria Infante:

Parte 1 - O que é gestão
Parte 2 - Gerência de operações
Parte 3 - Pesquisa de insumos e Cadeia de suprimentos
Parte 4 - Perguntas
Agora, faça a atividade de envio que está disponível no ambiente virtual de aprendizagem, conforme o cronograma.