Os atuais sistemas de saúde em nosso país – públicos e privados – apresentam uma realidade que reflete – na grande maioria dos casos – uma ausência de competência técnica e de conhecimentos e “saberes” gerenciais nas atividades que envolvem a área de operações em saúde, e, mais especificamente, nas ações de gestão da logística dos suprimentos de materiais e do ambiente da atenção à saúde.
Essa capacitação insuficiente perpassa todas as atividades que compreendem a logística em unidades de saúde:
A inexistência de políticas e de programas de manutenção de equipamentos, por exemplo, reflete essa ausência de capacitação gerencial, onde a falta de informações na incorporação de tecnologias institui, em grande número de casos, a lógica do comprou – usou – jogou fora, ou seja, a lógica do sucateamento precoce dos equipamentos, a lógica do desperdício.

Desinformações e a falta de dados confiáveis para permitir decisões racionais compõem o quadro.
Como modificá-lo? Como dar resposta a esses grandes desafios?
O que você acha? Pense um pouco nisso antes de prosseguir. Recomendamos que você registre as suas ideias a esse respeito e salve de uma maneira que possa consultá-las posteriormente.
Durante algum tempo julgou-se simplesmente que, com a revisão de estruturas e funções, com a incorporação de novas tecnologias e com a utilização de metodologias informatizadas para a coleta e processamento de dados, as organizações públicas ou privadas estariam aptas a enfrentar e dar respostas às demandas externas por mais e melhores produtos ou serviços em época de escassez de recursos. Pouco tem adiantado, no entanto, instituir novas estruturas organizacionais, e até mesmo sofisticados meios informatizados de planejamento, sem o simultâneo desenvolvimento de um processo de capacitação gerencial que, fugindo das práticas tradicionais, habilite pessoal criativo e capacitado a produzir respostas tecnicamente fundamentadas, rápidas e necessárias.

Este módulo está organizado em dois temas:
Agora, para iniciar o estudo deste módulo, siga para o Tema 3.1. A logística da cadeia de suprimentos de materiais a partir do sistema produtivo.
Neste módulo vamos discutir a logística do suprimento de insumos (materiais), a partir do sistema produtivo nas unidades de atenção à saúde. Mas, antes de falar das unidades de atenção à saúde, veja um exemplo de um problema de desabastecimento em um supermercado.
Podemos imaginar que num grande supermercado ocorre um problema de desabastecimento de alguns produtos no setor de laticínios.
O gerente do supermercado chama o comprador-chefe e o responsável pelo almoxarifado, e define imediatamente a responsabilidade, ou, para sermos mais claros, “o culpado” pelo desabastecimento.
E isto é fácil na medida em que ambos os funcionários são obrigados a ter um claro dimensionamento da demanda por esses produtos, considerando, inclusive, fatores como, por exemplo, a sazonalidade do consumo.
Não há razão, portanto, para que eles não tivessem verificado qualquer alteração no comportamento de consumo desses produtos e – havendo necessidade – tomassem as providências necessárias, ajustando o processo de abastecimento junto aos fornecedores.
Por que começar este módulo com um cenário que aparentemente nada tem a ver com os serviços de saúde?
Porque a lógica da gestão das operações – como vimos no Módulo 1 desta unidade – deve ser a mesma em qualquer organização, e você já aprendeu que “a gerência de operações é a responsável por supervisionar todo o conjunto de 'grandes' e 'pequenas' operações que viabilizam as atividades produtivas de uma organização.”
Vamos simular uma situação parecida com aquela do supermercado; uma situação corriqueira, quase diária, nos nossos serviços públicos de saúde.
O chefe do Serviço de Cirurgia Geral comunica ao diretor do hospital que esteve a ponto de suspender algumas cirurgias programadas no mapa cirúrgico daquele dia – e isto já com os pacientes em pleno centro cirúrgico – pois a circulante de sala lhe comunicou que não havia fios cirúrgicos de polipropileno n. 0, agulha cilíndrica de 1/2 cir, 3 1/2 cm, nem os de nylon monofilamentar n. 4 agulha 3/8, 2,5 cm, e nem os de poliglatina n. 2-0 agulha cilíndrica de 1/2 3,5 cm.
Esse médico tinha três cirurgias agendadas – eram três hernioplastias inguinais – e, para não prejudicar os pacientes, foi obrigado a operá-los com insumos (no caso, fios) não apropriados.
O diretor do hospital tomou a mesma atitude do gestor do supermercado, chamando os profissionais diretamente envolvidos com a falta de suprimentos, ou seja, os chefes dos setores de compra e do almoxarifado.
Só que a partir desse primeiro momento, no entanto, tudo no hospital ocorreu de forma completamente diferente do supermercado: o chefe do setor de compras entrou no gabinete do diretor com um enorme processo de compras de fios cirúrgicos (mais de 100 folhas) cheio de pareceres, encaminhamentos e reencaminhamentos, com idas e vindas aos vários setores envolvidos – orçamento, financeiro, jurídico, almoxarifado, serviços cirúrgicos.

No supermercado, o gestor sabia quem era o responsável pelas compras, era o comprador!
O diretor do hospital, ao contrário, não foi capaz de identificar o responsável; o chefe do almoxarifado tinha informado o ponto de ressuprimento dos fios cirúrgicos em tempo hábil; o chefe do serviço de compras justificou que era obrigado a esperar os pedidos de compras de todos os fios usados no hospital para fazer uma única licitação (um único processo licitatório).
Mais grave foi o diretor descobrir, naquele momento, que nem o serviço de compras nem o almoxarifado tinham conhecimento da importância dos insumos para os procedimentos realizados no hospital.
O chefe do almoxarifado informou ao diretor que “quando falta determinado insumo, outro material assemelhado é fornecido, e os médicos e enfermeiras não reclamam”.
É fundamental lembrar sempre que não adiantam páginas e mais páginas de pareceres em processos, pois um cirurgião não consegue operar sem um bisturi, e o fornecimento desse material é de responsabilidade da cadeia de suprimentos, que é quem compra.

Embora nossas unidades de atenção à saúde sejam grandes compradoras de materiais, em geral não fazem uso desse argumento, pois sequer negociam com os fornecedores, frequentemente por uma ausência total de informações sobre o que estão comprando, sejam serviços ou materiais. O mesmo fornecedor fornece para unidades diferentes da mesma rede, no mesmo município, o mesmo produto por preço diferente.
Quanto a serviços é a mesma lógica. Na maioria das vezes, o que predomina é a ausência de informações corretas para que as decisões gerenciais tenham base em dados de mercado permanentemente atualizados.
A gravidade dos problemas nas operações de logística dos suprimentos das unidades médico-assistenciais do SUS decorre, em grande parte, da ausência de identificação de seus respectivos sistemas produtivos – o que a unidade produz não é transparente para a cadeia de suprimentos – e, na maioria dos casos, nem para o próprio sistema produtivo da unidade!
Não há um sistema próprio de informações para o suprimento que correlacione os produtos ou procedimentos à sua produção e aos insumos utilizados nesses procedimentos, e que reconheça as práticas do sistema produtivo, valorizando as informações de quem produz.
Se o sistema produtivo da unidade de atenção à saúde não é claro e transparente para todos os demais sistemas da organização, inclusive para a cadeia de suprimentos, não é lógico esperar que os insumos certos estejam disponíveis nos locais certos e nos momentos certos.
É racionalmente muito difícil – senão impossível – abastecer bem uma unidade de saúde na visão exclusiva das prateleiras dos almoxarifados, levando-se em conta somente alguns indicadores como, por exemplo, estoque mínimo, estoque máximo, estoque de risco, e não valorizando a informação do que a unidade realmente necessita para realizar o que faz.
A organização da cadeia de suprimentos de uma unidade de saúde deve partir do princípio básico de que a unidade deve ter pleno conhecimento do seu próprio sistema produtivo – sem saber o que é produzido, quanto é produzido e o que é necessário para produzir não é possível bem abastecer.
É necessário, portanto, ouvir permanentemente o “cliente” da cadeia de suprimentos quanto a insumos, quanto às quantidades e às qualidades do que é consumido durante o processo produtivo.”

Mas quem são esses “clientes” da cadeia de suprimentos de uma unidade de saúde?
O que você acha? Pense um pouco nisso antes de prosseguir. Recomendamos que você registre as suas ideias a esse respeito e salve de uma maneira que possa consultá-las posteriormente.
Os “clientes” da cadeia de suprimentos são os profissionais que compõem o sistema produtivo da unidade – ou seja, clientes internos, representados pelos médicos, enfermagem, corpo técnico – todos os profissionais que utilizam os insumos ou materiais de consumo e as tecnologias (equipamentos) para realizar seus procedimentos, para “produzir” procedimentos, e dar atendimento aos clientes externos, os pacientes.
A cadeia de suprimentos engloba todas as atividades que têm por finalidade manter o sistema produtivo de uma organização suprido com todos os insumos ou materiais – quantitativa e qualitativamente – disponíveis nos locais próprios (serviços).

Por que, então, existem conflitos entre as atividades assistenciais (de produção) e as atividades de operações da logística dos suprimentos (atividades de abastecimento)?
Por que será que o diálogo entre essas duas atividades é frequentemente inexistente, em claro prejuízo para os pacientes e para as instituições?
Até há pouco tempo atrás, era predominante atribuir a responsabilidade pelo desabastecimento nas unidades de saúde somente à improvisação e à pouca capacitação técnica dos profissionais da área de administração de materiais. Isso é verdade.
Os serviços de abastecimento nas unidades prestadoras de serviço à saúde são ainda, em grande número, constituídos por trabalhadores não especializados nas diversas atividades que compõem a cadeia de suprimentos, quais sejam: atividades de compras, guarda e distribuição, acompanhamento e controle, e, mais que tudo, sem qualquer conhecimento técnico da área de planejamento da cadeia de suprimentos.
Mas é preciso entender, também, que a área de materiais – por si só – é incapaz de evitar a falta de materiais, pois o sistema de abastecimento precisa ser compreendido como um sistema vinculado ao sistema de produção, onde ele é um meio para o alcance dos fins.
Portanto, ele é totalmente dependente do processo de fixação de objetivos e metas por parte da organização.
É fundamental a definição do plano estratégico da organização, no qual devem ficar claras a missão, os objetivos e as metas institucionais da unidade.
O plano estratégico define o que faz a unidade de atenção à saúde, como faz e quanto faz.
Ao definir seu plano, a unidade define também quem é a sua clientela, pois define o grau de complexidade, de resolutividade e a capacidade de intervenção.
O plano deve, também, deixar claro para toda a organização como se dará o seu funcionamento, sua operacionalidade, e quais são suas responsabilizações.
No âmbito do suprimento de unidades de atenção à saúde, é imprescindível incorporar os modernos conceitos das operações de logística das organizações para superar o distanciamento e a dificuldade de diálogo entre as atividades assistenciais e as atividades de logística dos suprimentos.
Tradicionalmente, ao se falar em suprimentos nas nossas unidades de saúde, você certamente só ouve falar nas atividades de compras e nas atividades de almoxarifado, pois todo o processo da cadeia de suprimentos é ainda equivocadamente assim identificado.
A cadeia de suprimentos pode ser considerada como um sistema de atividades composto por quatro subsistemas.
Na verdade, o almoxarifado é só um dos subsistemas que formam a cadeia de suprimentos, sendo o último da sequência de subsistemas. Ele é denominado subsistema de guarda e distribuição – e é o local fisicamente delimitado onde se guardam os insumos/materiais, de onde são distribuídos para os serviços assistenciais.
Só que antes da chegada dos insumos ao almoxarifado para serem estocados e distribuídos, é necessário que sejam desenvolvidas inúmeras ações para que se tenha uma cadeia de suprimentos profissionalizado e competente. Essas ações incluem:
Identificação de insumos que são efetivamente necessários para que os procedimentos – simples ou complexos – sejam produzidos.
Só é possível controlar os insumos que foram identificados e assim poder quantificar quanto se gasta ou se utiliza e quanto se guarda.
Só após conhecer os quantitativos de consumo de cada insumo/material utilizado nos numerosos procedimentos é possível realizar ações tecnicamente competentes de compras.
Mas só após estar absolutamente claro para o sistema de abastecimento o que a unidade produz nos serviços e o que é necessário para produzir.
Portanto, a cadeia de suprimentos é composto, sequencialmente, por quatro subsistemas:
Quais são os objetivos e os instrumentos técnicos de cada um desses subsistemas do sistema de abastecimento?

Estude os tópicos deste tema no Caderno de Estudo.
Em seguida, volte para este material para realizar as atividades complementares e concluir o estudo deste tema.

Essas e outras legislações também estão disponíveis no site Comprasnet – Portal de Compras do Governo Federal.
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Os textos completos dos instrumentos acima citados estão disponíveis no site Comprasnet – Portal de Compras do Governo Federal. Na página inicial desse site, clique na aba Legislação.

Vamos fazer uma atividade simples de cálculo.
Uma pequena unidade de atenção à saúde determinou que o consumo mensal (CM) do material A é igual a 20 unidades, e do material B é de 125 unidades/mês. O prazo de reabastecimento da unidade é de quatro meses.
Dessa forma, qual será a quantidade do estoque mínimo, o E (min) desses materiais?
Digite suas ideias no espaço a seguir e, quando terminar, clique no botão Salvar. Depois, veja se você considerou, em sua resposta, os pontos destacados nos comentários.
Material A:
20 X 4 = 80 unidades
Material B:
125 X 4 = 500 unidades
Se você ainda tiver dúvidas, por favor entre em contato com o tutor a fim de obter mais esclarecimentos. Caso contrário, volte agora ao Caderno de Estudo e continue a sua leitura.
Após esta atividade, volte ao Caderno de Estudo e continue a sua leitura.

Vamos construir uma Curva ABC?
Selecione os itens da grade de materiais médico-hospitalares de sua unidade de saúde – ou de uma unidade à qual tenha acesso – e, a partir dos custos totais de cada item, construa a curva ABC de materiais. Analise a importância desta ferramenta para o planejamento de compras na sua unidade de saúde.
Caso tenha alguma dificuldade para construir essa curva, consulte o "Roteiro para a elaboração de Curva ABC", disponível na Biblioteca do curso. Caso não tenha acesso à grade de materiais médicos de sua instituição, consulte o documento "Exemplo de grade para elaboração da Curva ABC", também disponível na Biblioteca do curso.
Se as dúvidas persistirem, entre em contato com o tutor através do menu Ajuda/Fale com o Tutor, no AVA.
Esta atividade deverá ser executada como exercício de fixação de conteúdo e enviada para seu tutor. A ela não será atribuído conceito.
Depois de enviar o arquivo, volte ao Caderno de Estudo e continue a sua leitura.

O serviço público nem sempre é obrigado a licitar.
Existem exceções previstas na própria legislação. São os casos chamados de dispensa de licitação e inexigibilidade.
Identifique, a partir da legislação vigente, os casos nos quais essas exceções podem ser aplicadas.
O que você acha? Pense um pouco nisso antes de prosseguir. Recomendamos que você registre as suas ideias a esse respeito e salve de uma maneira que possa consultá-las posteriormente.
Volte ao Caderno de Estudo e continue sua leitura!

Vamos realizar uma atividade de análise.
A especificação correta de um material é fundamental para comprar o que realmente se deseja.
Digite suas ideias no espaço a seguir e, quando terminar, clique no botão Salvar. Depois, veja se você considerou, em sua resposta, os pontos destacados nos comentários.
As fontes de informação para se fazer uma boa descrição do material são, em primeiro lugar, os profissionais que utilizam o material e que são as fontes primárias de informação.
Mas, frequentemente as informações fornecidas pelos “clientes” do abastecimento não são suficientes.
Podem e devem ser utilizadas também as seguintes fontes complementares:
Tendo as informações primárias e secundárias, o próprio sistema de abastecimento está capacitado a elaborar as especificações.
Ajudando você a responder, diríamos que, sem uma correta especificação, não se comprará bem. Portanto, é fundamental especificar corretamente o que se deseja adquirir.
Porém, há situações em que mesmo uma correta especificação não dá solução, pois a descrição correta frequentemente não assegura, por exemplo, nem a qualidade da matéria-prima, nem a qualidade do processo de fabricação, nem o controle de qualidade do insumo, nem a idoneidade do fabricante e a do fornecedor.
Isto só se resolve conhecendo o mercado, classificando-se os produtos e os fornecedores. Com essas informações, podemos complementar as especificações.
O mito das especificações surge quando se julga que uma especificação bem feita tudo resolve.
Se você ainda tiver dúvidas, por favor entre em contato com o tutor a fim de obter mais esclarecimentos. Caso contrário, volte ao Caderno de Estudo e continue a sua leitura.

O Parecer Técnico abaixo pode ser considerado um bom parecer? Por quê?
“Opto pelas agulhas descartáveis da marca Águia por serem capazes de se adaptar a qualquer seringa (não ocorrem vazamentos); o bisel de sua ponta é atraumático (não causa dor), enquanto as agulhas similares apresentam dificuldades de adaptação a vários tipos de seringa em uso no hospital (permitem vazamentos), além de inúmeras queixas dos pacientes em relação à dor no momento da aplicação”.
Digite suas ideias no espaço a seguir e, quando terminar, clique no botão Salvar. Depois, veja se você considerou, em sua resposta, os pontos destacados nos comentários.
Sim, esse parecer técnico é um parecer tecnicamente consistente, pois qualifica a agulha Águia segundo padrões de excelência – qualidade / desempenho – e identifica na agulha concorrente ou similar as suas deficiências técnicas, ou seja, a ocorrência de vazamentos ao adaptar nas seringas, e ocasionando dor nos pacientes no momento da aplicação.
Precisa ficar muito claro que não basta destacar as qualidades de determinado produto; é importante e, mesmo, indispensável, falar de suas vantagens sobre os outros similares.
Se você ainda tiver dúvidas, por favor entre em contato com o tutor a fim de obter mais esclarecimentos. Caso contrário, volte agora ao Caderno de Estudo e continue a sua leitura.

Vamos fazer uma atividade de aplicação prática.
Considerando as dificuldades existentes nos processos de compras através do regulamento da Lei das Licitações, descreva os dois mecanismos utilizados hoje no serviço público que agilizam as compras.
Para responder, consulte os instrumentos:
Digite suas ideias no espaço a seguir e, quando terminar, clique no botão Salvar. Depois, veja se você considerou, em sua resposta, os pontos destacados nos comentários.
Esta modalidade de compra no serviço público apresenta dois aspectos fundamentais que a diferenciam das licitações clássicas ou comuns até agora apresentadas:
As vantagens de se instituir o Sistema de Registro de Preços são as seguintes:
Para entender essa modalidade que agiliza os processos de compra, vamos ilustrar com exemplos de órgãos públicos da área da saúde que já a utilizam.
Nos hospitais da rede federal:
Na Secretaria de Saúde do município do Rio de Janeiro em relação à aquisição de medicamentos:
Leitura
Recomendamos a leitura do Decreto n. 3.931, de 19.09.2001, que regulamenta o Sistema de Registro de Preços.
Na modalidade de licitação por Pregão Público, o objetivo é o estabelecimento de um clima competitivo entre os fornecedores a partir da apresentação de propostas ou lances até se alcançar o menor preço para cada item. Rodadas sucessivas de lances devem ser provocadas pelo pregoeiro.
Perceba a importância dessa função exercida pelo pregoeiro, pois do seu conhecimento do comportamento do mercado em relação a cada material – conhecimento quanto a preço, qualidade, fornecedores – vai depender o êxito desta modalidade de compras.
O treinamento desse servidor – o pregoeiro – para o desempenho desta nova forma de realizar aquisições no serviço público, é fundamental, e há toda uma legislação específica que deve ser de seu inteiro conhecimento, com técnicas próprias para a obtenção de melhores preços e para a certificação de qualidade, entre outros.
Leitura
Recomendamos a leitura da Medida Provisória n. 2.182-18, de 23.08.2001, que institui no âmbito da União a modalidade de licitação denominada Pregão, e o Decreto n. 3.555, de 08.08.2000, que aprova o Regulamento para a modalidade de licitação denominada Pregão.
Essas novas modalidades de licitação pressupõem a necessidade do conhecimento do comportamento do mercado de todos os insumos.
É necessária a capacitação dos profissionais do subsistema de compras com a incorporação de funcionários capazes de obter informações sobre materiais – preços, qualidade, fornecedores etc. – disponíveis em revistas, catálogos e, principalmente, sites na Internet – como, por exemplo, Banco de Preços.
Uma grande vantagem dessas novas modalidades de licitação é que elas podem ser realizadas em todas as suas fases por meio eletrônico – pela Internet.
O Sistema de Registro de Preços e a modalidade de aquisição por pregão, então, são alternativas para superar as dificuldades de aquisição de materiais pelo Serviço Público.
Se você ainda tiver dúvidas, por favor entre em contato com o tutor a fim de obter mais esclarecimentos. Caso contrário, volte agora ao Caderno de Estudo e continue a sua leitura.
Decreto n. 3.931, de 19.09.2001, que regulamenta o Sistema e Registro de Preços.
Decreto n. 4.342, de 23.08.2002, que altera dispositivos do Decreto n. 3.931, de 19 de setembro de 2001, que regulamenta o Sistema de Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, e dá outras providências.
Os textos completos dos Decretos acima citados estão disponíveis no site Comprasnet – Portal de Compras do Governo Federal. (Na página inicial desse site, clique na aba Legislação).
Medida Provisória n. 2.182-18, de 23.08.2001, que institui a modalidade de licitação denominada Pregão.
Lei n. 10.520, de 17.07.2002, que institui, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, a modalidade de licitação denominada Pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
Decreto n. 3.555, de 08.08.2000, que aprova o regulamento da modalidade de licitação denominada Pregão.
Decreto n. 3.697, de 21.12.2000, que regulamenta o parágrafo único do art. 2º da Medida Provisória n. 2.026-7, de 23 de novembro de 2000, que trata do pregão por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação.
Decreto n. 5.450, de 31.05.2005, que regulamenta o Pregão, na forma eletrônica, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
Decreto n. 5.504, de 05.08.2005, que estabelece a exigência de utilização do Pregão, preferencialmente na forma eletrônica, para entes públicos ou privados, nas contratações de bens e serviços comuns, realizadas em decorrência de transferências voluntárias de recursos públicos da União, decorrentes de convênios ou instrumentos congêneres, ou consórcios públicos.
Os textos completos dos Decretos acima citados estão disponíveis no site COMPRASNET – Portal de Compras do Governo Federal. (Na página inicial desse site, clique na aba Legislação).

Vamos fazer outra atividade de aplicação prática.
Descreva a técnica de distribuição automática de insumos a partir do conceito da entrepostagem, enumerando suas vantagens sobre os processos tradicionais de distribuição de materiais.
Digite suas ideias no espaço a seguir e, quando terminar, clique no botão Salvar. Depois, veja se você considerou, em sua resposta, os pontos destacados nos comentários.
O Sistema de Distribuição Automática de Insumos por Entrepostagem é definido por uma logística de abastecimento dos materiais médico-hospitalares, na qual o almoxarifado assume o abastecimento e se responsabiliza pela entrega aos postos de enfermagem – através de entrepostos – de todos os itens de insumos identificados pela pesquisa junto aos usuários / clientes do abastecimento.
A proposta é manter entrepostos sob a responsabilidade do almoxarifado o mais próximo possível dos usuários de insumos médico-hospitalares descartáveis sendo os entrepostos responsáveis pelo abastecimento dos postos de enfermagem.
A implantação do Sistema de Distribuição Automática de Insumos por Entrepostagem deve contemplar os seguintes pontos:
PRESSUPOSTOS (ANTECEDENTES)
Conclusão da fase pesquisa dos Insumos
DESENVOLVIMENTO
Definição das planilhas dos entreposto
Elaboração de planilhas de fornecimento semanal dos insumos a serem distribuídos automaticamente do almoxarifado para os entrepostos.
Definição das planilhas dos postos de enfermagem
Elaboração de planilhas de distribuição diária dos insumos a serem distribuídos diariamente pelos entrepostos para os postos de enfermagem a eles vinculados.
FUNCIONAMENTO
Localização
Cronograma de Abastecimento
A informatização e desburocratização são condições e consequências desse sistema de logística.
A distribuição automática ocorre do almoxarifado para os entrepostos, inicialmente com uma burocracia mínima e, posteriormente, sem burocracia alguma, quando os entrepostos estiverem conectados on-line com o almoxarifado.
É importante frisar que os entrepostos têm clientela previamente definida (definidos são os seus produtos e os insumos que necessitam para produzi-los); portanto, cada entreposto sabe:
A relação dos insumos dos clientes finais por entreposto é baseada na relação de todos os insumos a serem estocados em cada entreposto e seus respectivos CMM.
Pode-se estabelecer imediatamente um Cronograma de Distribuição Automática a ser feito pelo almoxarifado a cada 7, 15 ou 30 dias, dependendo da capacidade de guarda e dos controles do próprio entreposto.
O cálculo do consumo médio mensal (CMM), de cada item, para cada cliente final, sem distorções, é a garantia do abastecimento sem falhas.
QUALIFICAÇÃO E TREINAMENTO DO PESSOAL
Os profissionais que executam as funções nos entrepostos devem ser treinados pelo almoxarifado, pois os entrepostos devem ser assumidos pelo almoxarifado imediatamente, ou, pelo menos, a médio prazo.
A supervisão de todo esse processo de logística é de responsabilidade do almoxarifado. Um supervisor específico de todo o processo deve ser identificado desde o início e treinado para tal função.
O pessoal responsável pelos entrepostos deve ser escolhido ou selecionado entre os que já trabalham com funções correlatas a materiais, sendo treinados pelo almoxarifado em seu novo sistema de guarda e distribuição.
No caso de entrepostos já existentes, o pessoal – em princípio – deve ser mantido, precisando ser treinado no novo sistema de entrepostagem sob a responsabilidade do almoxarifado.
É preciso destacar a enorme importância do pessoal de enfermagem na implantação dessa nova logística de materiais. Sem a sua colaboração, certamente, a empreitada não irá adiante.
RESPONSABILIZAÇÃO
Com este sistema, o abastecimento de unidades de saúde passa a ser de inteira responsabilidade do almoxarifado.
A responsabilidade do almoxarifado é manter o entreposto permanentemente abastecido e seus gastos com material acompanhados por indicadores / controles.
RESUMO
Se você ainda tiver dúvidas, por favor entre em contato com o tutor a fim de obter mais esclarecimentos. Caso contrário, continue o seu estudo neste ambiente de aprendizagem.
Com isso, encerramos o estudo deste tema. Agora, você pode avançar para o Tema 3.2. A gestão de tecnologias em saúde.
As novas técnicas de planejamento, acompanhamento e controle, aquisição e guarda, e distribuição de insumos, estudadas até agora, são instrumentos gerenciais para a organização e padronização da cadeia de suprimentos de materiais de consumo.
Mas um sistema de abastecimento eficiente é responsável também pelo suprimento de materiais permanentes – máquinas e equipamentos – ou do que chamaremos, de agora em diante, de processo de incorporação de tecnologias.
Utilizamos esta concepção mais abrangente para o gerenciamento de material permanente e equipamentos em unidades de atenção à saúde, pois é necessário incluir, além da modalidade de aquisição, várias outras formas – hoje permitidas pela legislação – como o aluguel, o leasing e o comodato, entre outras.
Quantas vezes você já se deparou com situações como as descritas a seguir?
Esse quadro, infelizmente, é comum em nossas redes públicas de cuidados à saúde. O que podemos fazer para evitar esse quadro de incompetência administrativo-gerencial?
Hoje, o processo de incorporação de tecnologias ainda ocorre – na grande maioria de nossas unidades – sem qualquer planejamento prévio e, muitas vezes, baseado em três premissas:
É esse processo, acima descrito, que chamamos de Processo irracional de incorporação de tecnologia, pois, não considera nem as necessidades dos pacientes – se serão beneficiados ou não – nem as instituições – se haverá diminuição de custos com aumento de qualidade.

Agora, pense bem! No seu serviço (ou em um serviço ao qual tenha acesso), antes de se pedir um novo aparelho:
São realizados levantamentos de demanda? De vida útil do equipamento? Do momento de uso?
É realizada uma análise custo-benefício da aquisição?
O que você acha? Pense um pouco nisso antes de prosseguir. Recomendamos que você registre as suas ideias a esse respeito e salve de uma maneira que possa consultá-las posteriormente.
Se a sua resposta foi sim, parabéns! Você trabalha numa (ou tem acesso a uma) instituição gerencialmente eficaz!!
Partindo desse quadro (de problemas), vamos buscar as soluções (lembre sempre que “problematizar” é preciso). Encontrar causas e soluções também.
Então, vamos buscar questões em antigas problematizações por nós realizadas:
Como explicar essas situações – de todo indesejáveis em qualquer serviço – que geram o que denominamos Tecnologia do desperdício?
Em primeiro lugar, é a incorporação de uma nova tecnologia da maneira anteriormente descrita, isto é, compras realizadas sem planejamento, sem as informações necessárias e sem os conhecimentos técnicos indispensáveis para a sua aquisição.
Em segundo lugar, é o envelhecimento ou obsolescência do equipamento antes do tempo previsto pelo fabricante. Sua duração é diminuída por vários motivos, entre os quais:
Já dissemos antes, e vamos repetir agora: é imprescindível profissionalizar as diversas áreas da cadeia de suprimento e, dentro delas, a área de compras.
Só assim deixaremos para trás o processo irracional de tomada de decisões nas incorporações de tecnologias – onde basta ter dinheiro, ter um pedido e o equipamento estar disponível no mercado. Nada mais.
E isto é muito pouco. É necessário construir um processo racional de tomada de decisões.
À semelhança do processo de compras de insumos, vamos começar pelo planejamento da tecnologia que se quer adquirir.
Para tomar decisões eficazes, o gestor – que é um tomador de decisão – precisa de:
Isto é genérico. Serve para qualquer situação gerencial e, portanto, aqui também.
O conhecimento deve ser apreendido, ao longo do processo de incorporação, com os profissionais da área onde o equipamento será utilizado, com os profissionais de manutenção ou engenheiros clínicos (se os houver), além de outras fontes, como fornecedores, catálogos, consultas a sites na internet etc.
Quanto às informações, precisa-se delas para responder às seguintes questões, entre outras:
A nova tecnologia irá melhorar o atendimento; não será invasiva?
Trará menos riscos de complicações?
Tornará os serviços mais eficientes?
Aumentará a sua produtividade e a qualidade dos procedimentos?
Será que eles ainda dão respostas com qualidade à demanda existente?
Temos dados de demanda, de filas para realização de exames?
A nova tecnologia atende aos critérios de missão, objetivos e metas, isto é, atende às políticas institucionais da unidade?
Serão necessárias novas qualificações para os profissionais que utilizarão a tecnologia (que serão os operadores da tecnologia), e mesmo para o pessoal da manutenção?
Mas onde buscar essas informações para tornar as decisões eficazes?
Dentre as fontes seguras dessas informações, podemos destacar:
Porém, não basta ter as informações. É preciso saber analisá-las sob diversos enfoques. Clique em cada enfoque abaixo para saber mais:
A tecnologia a ser incorporada deve estar sempre em consonância com o “negócio” da organização de saúde, não pode se distanciar de seus objetivos.
Deve-se poder responder às seguintes questões:
Isto para afastar os critérios políticos de beneficiar um serviço em detrimento dos demais. Estes critérios devem ser previamente definidos e devem também ser do conhecimento de todos os profissionais da organização.
Uma unidade de saúde decide, por exemplo, que só irá incorporar tecnologias após alguns critérios terem sido satisfeitos:
A decisão da organização de saúde poderá ser a de só utilizar o segundo critério quando todos os equipamentos enquadrados no primeiro critério já tiverem sido substituídos e, consecutivamente, só incorporar novas tecnologias quando seu parque de equipamentos existentes estiver atualizado tecnologicamente.
Este aspecto deve priorizar as seguintes questões, entre outras:
Este enfoque deve avaliar as informações considerando as necessidades prévias de:
Aqui se devem relacionar todos os custos da utilização do novo equipamento, e ter o cuidado de não se limitar ao custo direto da tecnologia, ou seja, só ao seu custo de aquisição, pois este será minimizado ao longo do tempo.
Os custos indiretos como, por exemplo, manutenção e material de consumo necessários para o funcionamento, serão sempre crescentes.
A título de conclusão, podemos afirmar que, com o planejamento bem consistente – o que significa estar fundamentado em um conjunto de informações técnicas bem selecionadas e bem analisadas – o processo de tomada de decisões para a incorporação eficaz de tecnologias ou equipamentos evitará, certamente, a compra irracional de equipamentos, impedindo a ocorrência de desperdícios presentes e futuros.
Assim, para que a incorporação de tecnologias em nossas unidades de saúde se transforme num processo racional no gerenciamento de recursos materiais é fundamental que os gestores obtenham conhecimentos e informações – tanto em fontes internas na própria unidade quanto em fontes externas – e estimulem a análise dessas informações sob diversos enfoques.