Ser mãe não é uma profissão;
não é nem mesmo um dever:
é apenas um direito entre tantos outros.
Oriana Fallaci (2017).

Nos últimos 30 anos, embora avanços significativos tenham sido alcançados na redução da mortalidade materna, infantil e fetal no Brasil, as taxas ainda se mantêm elevadas, constituindo-se um grave problema de saúde pública. A maioria das causas desses óbitos pode ser evitada com o uso de tecnologias, assim como é possível fazer a prevenção e/ou o tratamento do agravo ou condição que determinou essas mortes. Os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e de diferentes pesquisas apontam que o problema é mais relevante nas regiões Norte e Nordeste e indicam também que são essas as regiões nas quais são observados sub-registro e baixa confiabilidade das informações sobre os óbitos, o que pode minimizar ou até mesmo ocultar o tamanho do problema. Tal quadro, sem dúvida, dificulta a atuação qualificada dos programas de Saúde da Mulher e da Criança nas várias instâncias políticas.
Uma das estratégias importantes para a redução das mortes maternas, infantis e fetais constitui a ação da Vigilância do Óbito. Ela contribui para o monitoramento da mortalidade e para a melhoria do registro dos óbitos, orienta as ações de intervenção para prevenção de novas mortes e informa sobre o contexto social e econômico da família. Possibilita ainda a avaliação das ações e dos serviços de saúde e contribui no processo formativo permanente dos profissionais envolvidos, por meio de ações de sensibilização e análise de óbitos. Devido a sua relevância, a vigilância do óbito materno, infantil e fetal é pactuada entre as ações prioritárias das três esferas de governo para a melhoria dos indicadores de saúde e a efetivação dos direitos à saúde no Brasil. Apesar de constituir estratégia bem aceita por todos os estados brasileiros, a implantação de comitês oscila entre avanços e retrocessos. Isso indica a necessidade do fortalecimento dos processos de vigilância e investigação, de forma a garantir a sua continuidade.
Entre os esforços do Ministério da Saúde, priorizam-se várias iniciativas de educação, como a formação e qualificação para atuar nas ações de vigilância do óbito e nos Comitês de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal em todas as regiões geográficas do país. O aprimoramento e o desenvolvimento efetivo dessas ações exigem um constante processo de sensibilização de novos atores e de capacitação de seus membros, diante da alta rotatividade e mobilidade dos profissionais, particularmente nos municípios de pequeno porte populacional. Tais fatores dificultam o desenvolvimento de competências para a realização de investigação de óbitos materno, infantil e fetal, como também para a identificação dos fatores relacionados ao seu controle e para propor a execução oportuna de ações efetivas. Esse quadro justifica o investimento na formação que contribua no trabalho efetivo da vigilância do óbito e atuação em comitês de mortalidade, na avaliação, controle e prevenção dos óbitos materno, infantil e fetal.
O Curso Vigilância do Óbito Materno, Infantil e Fetal e Atuação em Comitês de Mortalidade é fruto de uma parceria da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) e do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente (IFF), da Fiocruz, com o Ministério da Saúde. É voltado para profissionais de nível médio ou superior que atuem em vigilância do óbito materno, infantil e fetal e/ou em comitês de mortalidade materna, infantil e fetal no âmbito de estados, regiões, municípios, hospitais de referência para os estados.
Prossiga e explore o conteúdo que preparamos com algumas informações sobre o curso que você vai iniciar.
O curso tem como objetivo geral qualificar profissionais de saúde para desenvolver a vigilância do óbito materno, infantil e fetal e atuar junto com os comitês de mortalidade, a fim de propor medidas de intervenção em diferentes contextos sociais, por meio da articulação das experiências práticas com os conhecimentos atualizados e a contextualização política.
Com base nesses objetivos, espera-se que o curso contribua para o desenvolvimento da sua capacidade de:
A concepção pedagógica do curso é orientada por princípios formativos relacionados à pedagogia da autonomia (FREIRE, 2003) e ancora-se nos significados e práticas vivenciados pelos alunos nos processos de trabalho em que atuam. O respeito e o resgate de seus saberes prévios, a estreita relação entre teoria e prática, o desenvolvimento da autonomia, da crítica e da criatividade são bases fundamentais do projeto político-pedagógico que sustenta a organização curricular deste curso. Para tanto, utiliza a abordagem baseada em casos e estratégias que promovem a discussão e a troca.

A pedagogia da autonomia tem como premissas: a ideia de que ensinar não é transferir conhecimento, mas, sim, respeitar os saberes do educando, sua autonomia e seu pensamento crítico; e a consciência de que a educação é uma forma de intervir no mundo (FREIRE, 2003).
A abordagem baseada em casos é uma metodologia de ensino que representa a tentativa de construção de currículos centrados no aluno e nos desafios de sua prática profissional. Utiliza como estratégia a resolução de problemas reais, os quais fornecem de forma contextualizada e problematizada conceitos e diferentes visões do problema.




Outras estratégias são adotadas, como fóruns com discussões mediadas no ambiente virtual de aprendizagem ou por meio de encontros síncronos; questões que propiciam a reflexão teórica e a articulação com a sua realidade; atividades em grupo e atividades denominadas “Para praticar”, que visam o exercício e a consolidação de conhecimentos, sempre na perspectiva da problematização.

Para subsidiar o alcance dos objetivos, organizamos os conteúdos pedagógicos do curso em unidades de aprendizagem subdivididas em módulos, que, no livro-texto, correspondem a capítulos. Essa organização do currículo pressupõe uma forma de oferecer um conjunto sistematizado de conhecimentos interdisciplinares com os quais você irá interagir, podendo compará-los com conhecimentos e experiências que possui e elaborar concepções ressignificadas no âmbito de sua realidade.
As unidades de aprendizagem e os módulos incorporam estratégias pedagógicas com o intuito de problematizar concepções e práticas e facilitar o processo de aprendizagem a distância.
O curso dispõe de um conjunto de materiais relacionados a seguir. Clique no título de cada um deles para conhecê-los um pouco.

O curso tem início com um encontro síncrono de abertura, via webconferência, com o objetivo de apresentar sua proposta, os objetivos, a estrutura, o material didático e o AVA. A partir desse momento, todo o desenvolvimento do curso ocorre por meio do ambiente virtual.
Neste curso, a avaliação é prioritariamente formativa, com foco no processo de construção do conhecimento e no desenvolvimento das capacidades necessárias à atuação no trabalho, buscando sempre valorizar as vivências pessoais e profissionais do aluno.
Vejamos alguns aspectos relevantes à sua avaliação.




A nota final será a média aritmética das três notas relativas às três unidades de aprendizagem do curso (UA 1, UA 2, UA 3), devendo expressar o desempenho do aluno.
Cada uma das três notas resulta da nota atribuída ao conjunto de atividades de avaliação e ao conjunto das participações qualitativas nas atividades coletivas, numa mesma unidade.
Observe:
A sua nota final do curso (0,0 a 10,0), lançada pelo tutor-docente, será convertida automaticamente em conceitos – A, B, C ou D –, obedecendo à equivalência estabelecida no Regulamento dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu e de Qualificação Profissional [...] (ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA, 2016), apresentada a seguir.

Lutar pela igualdade
sempre que as diferenças nos discriminem
Lutar pela diferença
Sempre que a igualdade nos descaracterize.
Boaventura de Souza Santos (2010).
Onde quer que haja mulheres e homens,
há sempre o que fazer,
há sempre o que ensinar,
há sempre o que aprender.
Paulo Freire (2003).
FIOCRUZ. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Regulamento dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu e de Qualificação Profissional [...]. Rio de Janeiro: ENSP, 2016. Disponível em: http://informe.ensp.fiocruz.br/assets/anexos/3235d9c9c01cedb76937622696b9ad5e9aeddbdb.pdf. Acesso em: 27 mar. 2022.
FALLACI, Oriana. [Citação]. In: SQUARISI, Dad. Blog da Dad. Brasília, DF: Correio Braziliense, 2017. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/dad/sobre-a-mae. Acesso em: 20 abr. 2022.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
SANTOS, B. S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia dos saberes. In: SANTOS, B. S.; MENEZES, M. P. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
Ministério da Saúde
Secretaria de Atenção Primária à Saúde – SAPS
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – DAPES/SAPS
Coordenação-Geral de Ciclos da Vida – CGCV/DAPS/SAPS
Coordenação da Saúde da Mulher – COSMU/CGCV/DAPS/SAPS
Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz
Presidente
Mario Moreira
Diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – ENSP
Marco Antonio Carneiro Menezes
Vice-Diretora de Ensino – VDE/ENSP
Enirtes Caetano Prates Melo
Coordenador de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância – CDEAD/ENSP
Mauricio De Seta
Chefe do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos – DEMQS/ENSP
Cleber Nascimento do Carmo
Diretor do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira – IFF
Antônio Flávio Vitarelli Meirelles
Curso Vigilância do Óbito Materno, Infantil e Fetal e Atuação em Comitês de Mortalidade
Coordenadores
Sonia Duarte de Azevedo Bittencourt
Mayumi Duarte Wakimoto
Marcos Augusto Bastos Dias
Assessoras na criação e desenvolvimento de processos educativos e materiais didáticos
Henriette dos Santos
Paula Celestino de Almeida
Assessoras na formação docente
Antonia Maria Coelho Ribeiro
Cleide Figueiredo Leitão
Produção editorial
Desenho instrucional
Henriette dos Santos
Paula Celestino de Almeida
Revisão de texto e editorial
Andréia Amaral
Sonia Kritz
Revisão de referências/normalização
Maria Auxiliadora Nogueira
Identidade visual
Elyase Villote
Projeto gráfico e desenvolvimento
Jaime Vieira
Material elaborado de acordo com a Política de Acesso Aberto ao Conhecimento da Fiocruz. Os textos desta publicação podem ser copiados e compartilhados, desde que não sejam utilizados para fins comerciais, seja citada a fonte e atribuídos os devidos créditos.
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância. Informações sobre o Curso Vigilância do Óbito Materno, Infantil e Fetal e Atuação em Comitê de Mortalidade / Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância. ― Rio de Janeiro, RJ: Fiocruz, ENSP, Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância. 2022.
53.900kb ; il. color.
ISBN: 978-85-8432-089-9
Inclui Bibliografia
Site: https://extranet.ead.fiocruz.br/criacao/om/infomacoes-sobre-o-curso/
1. Vigilância Epidemiológica. 2. Mortalidade Materna. 3. Mortalidade Infantil. 4. Mortalidade Fetal. 5. Comitê de Profissionais. 6. Saúde Materno-Infantil. 7. Aprendizagem. I. Título.
Como referenciar a obra segundo a ABNT
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância. Informações sobre o curso: Vigilância do Óbito Materno, Infantil e Fetal e Atuação em Comitês de Mortalidade. Rio de Janeiro: CDEAD/ENSP/Fiocruz, 2022. 1 recurso eletrônico. Material didático digital do Curso Vigilância do Óbito Materno, Infantil e Fetal e Atuação em Comitês de Mortalidade.
2023
Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – CDEAD/ENSP
Rua Leopoldo Bulhões, 1480 – Prédio Professor Joaquim Alberto Cardoso de Melo
Manguinhos – Rio de Janeiro – RJ
CEP.: 21041-210