UNIDADE III
Manejo e Resposta de Emergências e Desastres em Saúde Pública

Módulo 5 • Cena 11

Ações de resposta do setor saúde

Três meses após o rompimento da barragem, o Corpo de Bombeiros decretou encerradas as buscas das vítimas por considerar que não havia mais chances de encontrar desaparecidos. A tabela a seguir apresenta a contabilização oficial dos danos humanos causados pelo desastre no município de Bandeira.

Tipo de dano
Número de ocorrências
Afetados
2.537
Mortos
223
Feridos
18
Desaparecidos
5
Desabrigados
192
Desalojados
39

As equipes de resposta foram sendo desmobilizadas e a vida foi voltando ao normal no município.

No entanto, para os familiares das cinco vítimas desaparecidas a tragédia ainda não havia terminado. Era preciso lutar para conseguir a declaração de morte presumida para a obtenção da Declaração de Óbito, documento necessário para recebimento da indenização paga pela mineradora aos familiares das vítimas do desastre. Para isso, o Ministério Público (MP) teve de intervir mais uma vez.

Foto: Hastywords. Fonte: Pixabay.

O setor saúde realizou, nesse momento, uma nova avaliação de danos e necessidades, pois, como visto anteriormente, os impactos na saúde da população podem ocorrer a curto, médio e longo prazos. Foram identificados alguns casos de desnutrição leve em crianças da área rural, necessitando acompanhamento das equipes de saúde. Somado a isso, Fabio relatou que o uso de ansiolíticos, antidepressivos e drogas permanecia crescendo no município de Bandeira. Isso se deveu ao impacto vivenciado e à perda de identidade e referências relatada por muitos afetados que haviam perdido familiares, emprego, vizinhos, casa, animais domésticos etc. Era preciso então intensificar a promoção de ações de atenção psicossocial para a população e para os trabalhadores envolvidos no evento, muitas vezes negligenciados no processo. Segundo Fábio, algumas pessoas que tinham trabalhado no resgate e busca das vítimas já haviam procurado o CAPS atrás de ajuda.

Além disso, o abrigo instalado na escola municipal permanecia funcionando, pois, infelizmente, a promessa da construção de casas populares para aqueles que haviam perdido suas residências ainda não tinha sido cumprida pela mineradora. Dessa forma, ficou acordado que as ações de vigilância epidemiológica de agravos e doenças deveriam se manter intensificadas, além do controle de vetores, roedores e reservatórios.

Era preciso também restabelecer todos os programas de saúde afetados pelo desastre. Marina e Isabel ficaram responsáveis por isso.

Lama tomando conta da paisagem
Foto: Guilherme Venaglia. Fonte: Wikimedia Commons.

Iniciaram-se as ações voltadas para o processo de recuperação e reconstrução do município. A mineradora se comprometeu com a limpeza e restauração do parque da cidade, que atraía milhares de turistas por ano interessados nas belas paisagens e no ecoturismo, importante fonte de renda para o município.

Além disso, a mineradora instalou estruturas de contenção (diques) ao longo do rio Azul, visando reduzir a contaminação das suas águas e evitar que a lama tóxica chegasse a outros municípios da região. No entanto, pesquisadores que trabalhavam na área afetada comprovaram que era possível encontrar metais pesados até 300 km de distância da barragem rompida.

As áreas isoladas voltaram a ter acesso regular. Um termo de ajustamento de conduta firmado com o Ministério Público e o bloqueio de recursos da empresa ajudaram a garantir meios para que as unidades de saúde, ruas, pontes e estradas atingidas pela lama começassem a ser reconstruídas. No entanto, Gisele alertou sobre a importância de se reconstruir as unidades de saúde levando em conta os critérios de rede de saúde segura,  para que, caso houvesse um novo desastre no futuro, a rede de serviços fosse preservada.

A economia do município ainda se encontrava estagnada, visto que a maior parte da geração de renda e de empregos provinha das atividades de mineração. Somado a isso, a agricultura familiar  e a atividade pecuária local também haviam sido seriamente afetadas, devido à contaminação do solo e da água pela lama tóxica, com o risco de levarem décadas para se recuperarem. Diante dessa situação, Francisco toma a decisão de desativar o COE-S. Gisele propõe então aos componentes do COE-S uma avaliação das ações realizadas e um resumo das lições aprendidas para atualização do Plano de Preparação e Resposta do setor saúde às emergências e desastres e dos protocolos de atendimento. Essa avaliação deve ser periódica e é fundamental para o aprimoramento do processo de gestão de risco em situações futuras.

Desativação do COE-S e avaliação das ações realizadas (lições aprendidas)
Conforme o estado de normalidade volta a se instalar no local, deve-se reduzir a intensidade das ações de resposta, ou seja, desmobilizar as equipes de resposta. Uma das primeiras ações a serem realizadas nesse momento é a desativação do COE-S.

MÓDULO 5 • SUBSÍDIOS 5
MÓDULO 5 • ATIVIDADE 6