Na mesma noite do rompimento da barragem, Francisco – secretário de saúde do município – convocou todos os representantes das áreas de saúde para uma reunião de emergência. Estavam presentes também representantes do Ministério da Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde, profissionais da área de comunicação, além de organizações de assistência humanitária, dentre outros, que haviam chegado ao município. Márcio, presidente da associação de moradores, também participou. O objetivo da reunião era avaliar a situação atual do município e de sua população, e pensar em ações de resposta imediata.
Logo após o desastre, foram organizadas muitas ações de busca e resgate das vítimas. Por saber, desde cedo, que a sede administrativa e o refeitório tinham sido atingidos pela lama de rejeitos, Marina e Isabel, junto com a Secretaria Estadual de Saúde, organizaram toda a rede de urgências e emergências, bem como centenas de leitos, para receber os feridos no desastre. Ivana, sabendo que a maior parte dos atingidos eram trabalhadores da barragem de mineração, já havia preparado toda a sua equipe para a notificação de acidentes de trabalho. Assim, antes mesmo da reunião à noite, algumas ações de saúde já haviam sido iniciadas.
Embora muitos dos representantes das áreas técnicas não tivessem dúvidas sobre a atuação do setor saúde na resposta imediata aos desastres, nem todos concordavam com sua interferência em ações de médio e longo prazos, particularmente reconstrução. Alguns profissionais não compreendiam a importância do setor saúde como parte integrante do processo de gestão dos riscos no médio e longo prazos, especialmente no que tange à redução de riscos futuros que afetariam o território. Esses profissionais alegavam que isso configuraria um trabalho extra, ou seja, um trabalho que ia além da sua rotina diária.
A primeira reunião resultou no estabelecimento formal de um comitê de operação de emergências em saúde (Coes), por meio de uma portaria municipal.
Antes mesmo da portaria municipal ser divulgada, Marina e Isabel já tinham iniciado seus trabalhos, porque sabiam que havia centenas de trabalhadores atuando na barragem de mineração naquele dia. Ambas se mobilizaram, envolvendo a Secretaria Estadual de Saúde, para que o serviço de urgência e emergência estivesse a postos, com a possibilidade de centenas de trabalhadores e moradores feridos serem atendidos e transportados. Procuraram também reservar pelo menos duzentos leitos na região metropolitana, para que as vítimas pudessem ser hospitalizadas e cuidadas.
E você, o que acha da importância do setor saúde no processo de gestão dos riscos no médio e longo prazos, especialmente em relação à redução de riscos futuros que afetariam o território?